"Nunca sabes se vais ter o melhor Rafael Leão ou um jogador menos decisivo"

Demetrio Albertini, antigo médio italiano que jogou no Milan, atribuiu o favoritismo ao rival Inter na final da Supertaça de Itália, que será disputada esta segunda-feira (19h00), na Arábia Saudita, mas avisou que “tudo pode acontecer”. 

Em declarações à Gazzetta dello Sport, Albertini apontou que o atual tricampeão em título da prova, depois de ter sido derrotado pelo Milan (1-2) de Paulo Fonseca em setembro, na Serie A, vai procurar uma vingança contra os “rossoneri”, agora treinados por Sérgio Conceição. 

“O Inter vai entrar em campo com rancor depois da derrota no dérbi em setemebro. Será muito difícil para o Milan, mas sendo uma final, tudo pode acontecer. Os ‘rossoneri’ demonstraram este ano, em jogos grandes contra o Inter e o Real Madrid, que podem vencer qualquer equipa. Paradoxalmente, fizeram melhor contra as equipas grandes do que diante das médias/pequenas. No papel, o Inter é o favorito, mas não acho que seja assim tão claro”, começou por analisar. 

Sendo Marcus Thuram e Rafael Leão as principais dúvidas do Inter e Milan, respetivamente, para a final, o antigo internacional italiano apontou que Simone Inzaghi tem um problema maior em mãos do que Conceição, deixando uma crítica à consistência do avançado português. 

“Penso que o Inter perde mais porque Thuram, nesta primeira parte da época, tem sido uma certeza, tanto em termos de desempenho global como em números. Leão, por outro lado, tem alternado entre exibições desapontantes pelo Milan e outras em que tem sido decisivo. Se é esse o seu maior problema? Infelizmente, sim. Falta-lhe continuidade, nunca sabes se vais ter o melhor Leão ou um jogador menos decisivo”, referiu. 

De resto, Albertini comentou a troca de Paulo Fonseca por Sérgio Conceição no banco “rossoneri”, considerando que o antecessor do antigo colega de equipa na Lázio foi “abandonado” pelo clube. 

“Enquanto observador a partir de fora, digo que existiram dúvidas prejudiciais na opinião pública sobre Fonseca desde a sua chegada. A partir de certo ponto, ele pareceu um pouco sozinho, não foi apoiado adequadamente pelo clube. Para ele, todos os jogos desde o primeiro foram um teste, por isso é duro... Quando mudas de treinador, é uma derrota para toda a gente, porque o treinador nunca é o único problema. A culpa deve ser sempre dividida entre aqueles que entram em campo e aqueles que ficam de fora “, defendeu. 

“O que acho de Conceição? Ele e Inzaghi [treinador do Inter] foram meus colegas de equipa na Lázio e eu teria apostado que ambos se tornariam treinadores, por causa do quão apaixonados eles e pela forma como estudavam o futebol, mas não acharia que seriam tão bons... Os resultados de Simone falam por si, tanto em Roma [ao serviço da Lázio] como no Inter. Sérgio esteve muito bem no FC Porto e sabe como retirar o melhor dos seus homens. Ele é alguém que fica zangado quando as coisas não correm bem e os jogadores já o terão experimentado no intervalo do jogo contra a Juventus...”, completou. 

A final da Supertaça italiana, que será disputada esta tarde na capital da Arábia Saudita, marca a primeira oportunidade para Sérgio Conceição conquistar um título ao serviço dos “rossoneri”, naquele que será apenas o seu segundo jogo no comando técnico do clube.  

O treinador português estreou-se com uma vitória por 2-1 sobre a Juventus, nas meias-finais da competição, com dois golos para lá dos 70 minutos de jogo, e atribuiu o triunfo ao trabalho realizado pela equipa, relativizando o papel da sorte no desfecho do encontro: “A sorte aparece quando trabalhamos e criamos oportunidades. É como jogar a lotaria: temos sorte se ganharmos, mas criamos a sorte ao sair de casa para comprar o bilhete. Temos de ter fome e um pouco de maldade. Se a sorte aparecer, melhor”.  

Sérgio Conceição recebeu, ainda, uma boa notícia na véspera do encontro. O internacional português Rafael Leão já treinou ontem integrado com a equipa e poderá ser opção para a grande final. A situação física do avançado merece, no entanto, cuidados redobrados, uma vez que o jogador acabou de recuperar de uma distensão no músculo flexor da perna esquerda, pelo que apenas deverá estar preparado para atuar durante alguns minutos frente aos “nerazzurri”. 

Simone Inzaghi, treinador do Inter, é um verdadeiro especialista nesta competição, tendo conquistado o troféu por cinco ocasiões nas últimas sete edições (venceu as últimas três ao serviço do Inter e conquistou duas pela Lázio).  

No entanto, o técnico italiano não espera uma final fácil, sobretudo devido à identidade vincada das equipas do treinador português: “Sérgio é um treinador vertical, organiza muito bem os jogadores e as suas equipas nunca desistem. A Juventus parecia ter o jogo na mão [nas meias-finais], mas o Milan, com uma grande segunda parte, fez por merecer a qualificação para a final.” 

Caso o Milan consiga conquistar a Supertaça, alcançará os rivais de Milão no número de troféus nesta competição (8). Já no caso de ser o Inter o vencedor, igualará os nove títulos conquistados pela Juventus na prova.