Em causa a "saturação insustentável" do calendário desportivo
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O novo Mundial de Clubes, que será inaugurado em 2025, nos Estados Unidos, com um total de 32 equipas, vai motivar uma queixa da European Leagues, órgão liderado por Pedro Proença, também presidente da Liga Portugal, e da FIFPro, contra a FIFA.
Em comunicado, o organismo que representa mais de mil clubes de 37 Ligas europeias anunciou esta terça-feira que irá apresentar uma denúncia na Comissão Europeia tendo por base uma “saturação insustentável” do calendário desportivo.
“Durante vários anos, as ligas e os sindicatos de jogadores instaram repetidamente a FIFA a desenvolver um processo claro, transparente e justo relativamente ao calendário dos jogos internacionais. Lamentavelmente, a FIFA tem-se recusado sistematicamente a incluir as ligas nacionais e os sindicatos de jogadores no seu processo de decisão. O calendário de jogos internacionais já ultrapassou a saturação e tornou-se insustentável para as ligas nacionais e um risco para a saúde dos jogadores. As decisões da FIFA nos últimos anos favoreceram repetidamente as suas próprias competições e interesses comerciais, negligenciaram as suas responsabilidades como organismo dirigente e prejudicaram os interesses económicos das ligas nacionais e o bem-estar dos jogadores”, pode ler-se.
Nesse sentido, a queixa pretende denunciar a conduta “unilateral” da FIFA como infratora da legislação da União Europeia, sendo considerado que o seu “duplo papel” enquanto reguladora do futebol mundial e organizadora de competições resulta num “conflito de interesses”.
“Esta queixa, que será formalmente apresentada pelas Ligas Europeias, LaLiga e FIFPRO, decorrerá em paralelo com ações separadas iniciadas por ligas individuais e sindicatos de jogadores ao nível nacional. Os sindicatos de jogadores ingleses, franceses e italianos apresentaram uma ação no Tribunal de Comércio de Bruxelas em junho. As Ligas Europeias e a FIFPRO já informaram a Comissão Europeia da sua decisão e esperam trabalhar em estreita colaboração com a Comissão, as instituições públicas relevantes e as partes interessadas do futebol ao longo de todo o processo de investigação”, completam.
A resposta da FIFA a esta queixa não tardou, com o organismo presidido por Gianni Infantino a garantir que o calendário desportivo tem sido discutido com representantes de todos os cantos do mundo e a defender a sua importância para a sobrevivência e coexistência do futebol nacional e continental.
Ao mesmo tempo, o organismo acusa “algumas ligas europeias” de estarem a atuar com “interesses comerciais, hipocrisia e sem consideração pelo resto do mundo”.
Leia o comunicado na íntegra:
“O atual calendário foi aprovado por unanimidade pelo Conselho da FIFA, que é composto por representantes de todos os continentes, incluindo a Europa, após uma consulta exaustiva e abrangente, incluindo a FIFPRO e os organismos das ligas. O calendário da FIFA é o único instrumento que garante que o futebol internacional possa continuar a sobreviver, coexistir e prosperar a par do futebol de clubes a nível nacional e continental.
Algumas ligas europeias (que são elas próprias organizadoras e reguladoras de competições) estão a agir com interesse comercial, hipocrisia e desrespeito pelo resto do mundo. Aparentemente, estas ligas preferem um calendário repleto de amigáveis e digressões de verão, que implicam frequentemente grandes viagens à volta do mundo. Em vez disso, a FIFA deve proteger os interesses globais do futebol mundial, incluindo a proteção dos jogadores, em todo o lado e a todos os níveis do jogo”.