Em cinco jogos ao serviço do Al Muharraq, o treinador de 52 anos ainda só conhece o sabor da vitória. Na corrida ao título, é ele o atual líder do campeonato
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A primeira experiência de Nandinho no Barém foi ao serviço do Al Ahli, pelo qual venceu a Taça do Rei em 2023/24, proporcionando-lhe também a distinção de melhor treinador do ano no país. Depois disso saiu para uma equipa do segundo escalão saudita, mas o prestígio ganho no Barém levou à forte insistência daquele que é, historicamente, o maior clube do país. E, ao fim de cinco jogos, Nandinho soma cinco vitórias, ocupando o primeiro lugar da tabela.
Que tal está a correr esta experiência no Barém?
— Eu já conhecia esta equipa e este campeonato. Era um namoro que se arrastava há algum tempo e que eu fui protelando até decidir dar este passo. Porque o Al Muharraq é um clube que dá condições a um treinador, um clube que tem boas condições de trabalho e que quer melhorá-las. Fazia todo o sentido vir e estar aqui a lutar por títulos. Essa é a ambição de qualquer treinador, estar em projetos onde possa lutar por títulos, em clubes grandes. E aqui sinto-me especial e bastante valorizado. Sinto-me querido, o que também pesou muito para eu vir para cá.
Satisfeito, então?
— Sim, estou muito satisfeito pela opção que fiz, apesar de ainda estar muito no início. Estou cá há cerca de um mês e meio, ainda só fizemos cinco jogos, mas o que encontrei é o que esperava. Um clube muito organizado, um plantel muito equilibrado, e que me dá garantias de poder lutar por títulos, ou pelo menos de ombrear com as outras duas equipas que também lutam por títulos.É o clube que tem mais títulos e mais taças. É o clube grande aqui do Barém. Depois temos o Riffa, que nos últimos seis, sete anos vinha tendo alguma hegemonia, quebrada nas duas últimas épocas pelo Al Khaldiya, que é uma equipa mais recente, criada há meia dúzia de anos pelo filho do rei. Neste momento são eles o nosso maior rival, juntamente com o Riffam, sendo que este já está a onze pontos de nós e o Al Khaldiya a três. Estas três equipas é que dominam as competições por aqui.
Quantas jornadas faltam?
— Neste momento estão realizadas 13 jornadas e faltam nove para o fim, porque são 12 equipas. Também temos a Taça do Rei e vamos jogar esta quinta-feira a meia-final, contra o Al Khaldiya, em jogo a uma mão.
Que tal a qualidade do futebol por essas bandas?
— O Al Muharraq e os outros dois que lutam pelo título são clubes que têm já alguma qualidade, capacidade. Não está ao nível de uma I Liga em Portugal, mas ao nível de uma II Liga, sim. Os outros nem tanto, mas estes sim. Mas, por exemplo, o Al Khaldiya chegou aos oitavos de final da Champions asiática. São equipas que já se batem bem. Ainda há pouco o Barém ganhou aqui a Taça do Golfo, uma competição entre os países desta zona, defrontando Arábia Saudita, Omã, Jordânia, Emirados, Catar, entre outras, e venceu. Contra seleções fortes, o que diz bem do nível que já se patenteia por aqui.
Há perspetivas de crescer ainda mais? Isto porque temos assistido a um forte crescimento do futebol no Médio Oriente, nomeadamente na Arábia Saudita e no Catar, que têm investido muitos milhões de euros a comprar jogadores.
— Sim, sim. A Arábia vai organizar o Mundial de 2034 e por isso já está a investir, a contratar jogadores de grande nome a nível mundial, para darem visibilidade ao campeonato. Mas mesmo a II Liga é forte, já lá trabalhei. A chegada de muitos estrangeiros à I Liga têm desviado outros para a II Liga, que já tem também alguma qualidade. A realidade aqui no Barém é diferente, falamos de um nível um pouquinho inferior. Aqui há três clubes que se distanciam claramente dos outros, pela qualidade dos plantéis, pelos orçamentos, etc.
Tem jogadores de qualidade no plantel?
— Tenho um ponta de lança brasileiro que é o melhor marcador do campeonato e já o foi no ano passado. Tenho um internacional angolano, que é o Elliott Simões, que o ano passado jogava na Arábia. E também já esteve cá o Fabrício Isidoro, que foi do Farense e estava no clube antes de eu chegar. Mas há outros...
Então já sente condições para fazer um bom trabalho?
— Sim, daí a minha mudança. Eu estava tranquilo na Arábia, estava a fazer um bom campeonato, cómodo, mas vim porque é um clube que luta por títulos. Além das condições financeiras, que pesam sempre, mas foi sobretudo o aspeto desportivo que me fez trocar. É o maior clube do país, mas o facto de não ganhar nada há cinco anos (o campeonato há oito) contribuiu para eu vir para cá, para tentar ganhar títulos.