Miguel Reisinho: "Não foi por causa da descida que decidi sair do Boavista"
ENTREVISTA, PARTE II >> Médio admite que dificilmente representará outro clube em Portugal e o Sevilha está interessado
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O que o levou a decidir não continuar no Boavista?
—Não foi por causa da descida que decidi sair. Desde o início da época já estava decidido que, independentemente do desfecho, queria seguir outro rumo e agarrar outras oportunidades. Não foi por o Boavista não ter ficado na I Liga, até porque, se tivesse ficado, muito provavelmente eu ia seguir o meu caminho. Foi uma decisão que já estava tomada há algum tempo.
Tem tido propostas? Gostava de continuar a jogar em Portugal?
—Neste momento, vou aproveitar para desligar de futebol e descansar. Mas sim, há muitas abordagens em cima da mesa. Vou descansar, porque quero decidir bem. É uma decisão também importante na minha carreira. E gostava de experimentar outros campeonatos, nunca escondi isso. Digo isto porque também acho que é difícil passar por outro clube em Portugal... Quero aproveitar e conseguir um projeto estável para a minha carreira, já que estes próximos anos vão ser importantes.
Que campeonatos é que gostava de disputar?
—[Pausa] É uma pergunta difícil. Claro que qualquer jogador gostava de poder jogar no “top-5” das ligas. Mas, primeiro, vou ver as abordagens. Depois é que posso decidir o campeonato em que posso jogar.
Que balanço faz dos seis anos que passou no Boavista? Aconteceu um pouco de tudo...
—Sem dúvida. Das dificuldades já toda a gente sabe, foram públicas. Tirando isso, vejo a parte positiva do futebol. Aprendi muito ao longo destes seis anos. Encontrei pessoas incríveis, que me ajudaram muito no meu crescimento. Ajudaram-me como futebolista, mas, acima de tudo, ganhei muitos valores. Fui muito feliz no Boavista, independentemente das lesões que sofri. Os meus companheiros estiveram sempre comigo, ajudaram-me. Posso dizer que foram seis anos de grande aprendizagem, que saí do Boavista realizado. Fui feliz, independentemente da descida de divisão. Claro que não era dessa forma como queria sair do clube, mas, acima de tudo, guardo os melhores momentos que passei no Boavista. Os meus amigos e os meus companheiros de equipa, guardo-os comigo e vão ficar para sempre guardados no meu coração.
“Gostava de ser treinador”
Como se define enquanto jogador?
—Considero-me um jogador inteligente, que consegue aproveitar bem as oportunidades e ler bem os momentos de jogo. Um jogador tecnicista, com qualidade de passe e boa visão de jogo. Considero-me, também, um jogador versátil, que pode jogar em várias posições. Mas, acima de tudo, considero-me um jogador inteligente e bom tecnicamente. Sou uma pessoa calma e extrovertida, que gosta de brincar e de dar-se bem com toda a gente.
Reisinho ainda não pensa no pós-carreira, mas admite que gostava de liderar a partir do banco
Ainda tem muito para dar ao futebol, mas já pensa num plano B para quando acabar a carreira?
—Ainda não penso muito nisso, mas, hoje em dia, pelo conhecimento de futebol que tenho, talvez gostasse de seguir a carreira de treinador. Porque tenho uma ideia e gostava de experimentá-la. Mas, de momento, não tenho nada em vista.
E como é que será o Reisinho treinador, se esse desejo se concretizar?
— [Risos] Ainda não tenho uma ideia específica. O maior desafio que terei é lidar com os jogadores, que têm várias personalidades. Mas também é uma coisa que se pode trabalhar. A nível de ideia, vai ser um Reisinho semelhante ao jogador: que gosta de atacar, que gosta de procurar futebol positivo, de ter várias ideias. Que gosta de atacar consoante o adversário. Acima de tudo, ter um futebol com carimbo, que se saiba que é um futebol do Reisinho.