O Al Najma partiu para o campeonato da II Divisão a sonhar com o play-off e fechou a época a celebrar uma inesperada promoção direta ao escalão principal. Os obreiros foram portugueses
Corpo do artigo
Depois do 11.º lugar na época anterior, o Al Najma viu em Mário Silva competência para abraçar o projeto de tentar conduzir o clube ao play-off de acesso à subida, mas a ideia de ficar nos seis primeiros foi amplamente ultrapassada, pois a equipa sagrou-se vice-campeã e garantiu a subida direta. Uma aposta ganha do português e dos seus adjuntos Eurico Pinhal, Rui Costa e José Azevedo.
Como avalia o final feliz nesta experiência na Arábia Saudita?
—Nada fazia prever este desfecho. O objetivo era garantir a permanência o mais cedo possível e, depois, tentar chegar aos lugares de play-off para discutir a promoção. Ficar acima do 11.º lugar que a equipa tinha alcançado na época anterior nunca seria uma época perdida. O orçamento não permitia acalentar grande esperanças, talvez andar no meio da tabela fosse o mais esperado. Como todas as outras equipas, tínhamos cinco jogadores estrangeiros, mas outros planteis estavam muito melhor apetrechados. Era o segundo ano da equipa neste escalão, pois tinha vindo da 3.ª divisão, mas conseguimos superar todas as expectativas.
Quando começou a acreditar na subida de divisão?
—Acho que as pessoas que acompanham o campeonato, os adversários e até os nossos adeptos, nunca acreditaram que fosse possível subir e de forma direta. A partir de certa altura, quando as coisas estavam a correr bem e os jogadores percebiam que aquilo que lhes era dito no treino e nas palestras acontecia no jogo, todo o clube começou a acreditar. Aliás, só tivemos o estádio cheio no último jogo. Foi um feito histórico para o clube e para a cidade e na região. Subir de divisão com o plantel que tínhamos e em teórica e evidente inferioridade em relação a muitos dos adversários, sem dúvida que foi um autêntico milagre.
Que realidade encontrou na Arábia Saudita?
—Uma realidade totalmente diferente do que estávamos habituados. No início foi um choque. Deparámo-nos com falta de cultura desportiva e até de profissionalismo. Felizmente, conseguimos desde muito cedo incutir valores mais aproximados com os nossos, sempre respeitando a cultura local, e tudo correu bem. Os 12 dias de pré-época no Egito foram fundamentais, pois o grupo foi percebendo a mensagem e que queríamos tirar o melhor de todos. O campeonato é muito equilibrado e competitivo. Seis ou sete equipas tinham orçamentos altíssimos, principalmente o Neom, com um plantel com qualidade 10 vezes superior aos concorrentes e, por isso, tinha a subida praticamente garantida desde o início. Quase todos os jogos eram decididos em pormenores. Os nossos jogadores tinham consciência que, em termos individuais, eram inferiores a muitos outros, mas acreditaram nas nossas ideias e criaram um coletivo forte.
Após uma época em cheio, vai continuar no clube?
—Tivemos abordagens daquela zona, pois abrimos portas no mercado árabe, mas neste momento tudo está encaminhado para continuarmos no Al Najma. Existe acordo, falta a formalização.. Logicamente, a Proliga é um desafio apetecível e foi manifestada vontade de continuarmos com este projeto, mas num desafio diferente e muito mais exigente. Há condições estruturais do clube mas é preciso salvaguardar a construção de uma equipa competitiva e que ofereça garantias para competir ao mais alto nível no país.