Médio do Marselha, formado no PSG, foi alvo de insultos durante o jogo de domingo entre os dois rivais, com a sua família a ser especialmente visada, incluindo o seu falecido pai
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Véronique Rabiot, mãe de Adrien Rabiot, reagiu esta segunda-feira aos insultos que o seu filho recebeu durante a derrota do Marselha diante do PSG (1-3), no domingo, no Parque dos Príncipes, em que o médio francês dos marselheses, formado nos parisienses, viu a sua família ser visada com cânticos e cartazes de adeptos da casa que incluíram mensagens ofensivos sobre o seu falecido pai.
Já depois de o próprio Rabiot ter reagido a esses insultos com uma crítica para Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, e de o Marselha também ter condenado os “ataques desprezíveis” de que o seu jogador foi alvo, a mãe do internacional francês vincou que não espera um pedido de desculpa do atual líder da Ligue 1.
“Não culpo o clube de Paris de forma alguma. Não somos nada vingativos em casa, por isso, não os culpo de todo. Mas para mim é uma realidade, toda a gente tem medo do PSG. E é por isso, penso eu, que o jogo não foi interrompido no domingo à noite. Penso que é mais difícil, mas estava combinado. Tinha sido dito que se houvesse cânticos homofóbicos, o jogo seria interrompido. E houve cânticos homofóbicos”, começou por lamentar, em direto para o programa “Génération After”, da rádio francesa RMC Sport.
“O PSG não pede desculpa e o PSG não precisa de pedir desculpa. Há seis anos, maltrataram o meu filho [quando saiu a custo zero para a Juventus] e ninguém pediu desculpa. Não esperamos que o PSG peça desculpa”, acrescentou Véronique, que agencia o filho, de 29 anos.
A mãe de Rabiot agradeceu ainda o apoio que recebeu por parte de Pablo Longoria, presidente do Marselha, após o ocorrido em Paris: “Fiquei com o coração quente e foi exatamente isso que disse ao presidente Longoria. Disse-lhe que a sua mensagem me tinha aquecido o coração. E eles mostraram realmente o seu apoio quando o treinador o nomeou capitão. Toda a gente sabia. É preciso pensar um pouco e todos sabiam exatamente como o Adrien seria recebido”, apontou.
Explicando que não marcou presença na partida entre PSG e Marselha a pedido dos seus filhos, devido a preocupações de segurança, Véronique lamentou também o facto de não ter recebido qualquer apoio das autoridades nem do governo francês.
“Ninguém, ninguém. Apenas a Ministra do Desporto me telefonou, porque obviamente estava implicada na minha conversa desta manhã [com um jornalista da Radio France]. Gostaria que alguém tivesse reagido ontem à noite, durante o jogo ou depois. Ninguém reagiu. As associações feministas, que estão sempre a falar, reagiram para dizer: ‘Porque é que lhe chamamos puta?’ O árbitro, não parou o jogo... O Ministro dos Desportos, que está sempre a dizer: 'Sim, nos estádios...' Até Sandrine Rousseau [deputada], que aparentemente estava na bancada de Boulogne... Não há ninguém que se indigne, ninguém que se pronuncie”, enumerou.
A concluir, a mãe de Rabiot admitiu esperar que esta manifestação de ódio contra o seu filho e a sua família sirva para aplicar mudanças em termos de comportamento de adeptos em estádios de futebol.
“Ninguém pediu desculpa, mas não é um pedido de desculpa que é necessário, é fazer com que as coisas andem, que não voltem a acontecer e que haja sanções reais. Porque dizemos antes do jogo: 'Se houver insultos, paramos o jogo', mas na realidade isso nunca acontece. Não há sanções. Fiquei surpreendida por ninguém ter intervindo depois do jogo. As pessoas que estavam lá, os jornalistas, as pessoas, e ninguém interveio. Ninguém estava interessado. Sempre que o meu filho dava um passo em falso, os meios de comunicação social atacavam-no. E quem é que o defende? Porque é que o assunto foi abordado? Porque eu falei esta manhã [na Radio France]. Se não tivesse falado, ninguém estaria a falar disto. É isso que me incomoda. A linha vermelha foi ultrapassada e as mulheres devem ser deixadas em paz. Os jogadores podem insultar-se uns aos outros se quiserem, mas nós devemos ser deixadas em paz. Não deviam ter falado sobre o pai dos meus filhos”, rematou.