João Mota, um treinador de sucesso na Jordânia: "Título muito importante"
ENTREVISTA - João Mota já ganhou a Supertaça da Jordânia e tem mira à conquista do campeonato e Taça do país, na busca de um pleno
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João Mota é um trota-mundos, sem medo dos territórios, dos riscos e desafios. Tem feito vibrar adeptos do Al Hussein, da Jordânia, e a liderança é cada vez mais confortável.
Como descrever este recente sucesso?
-Na verdade, o facto de já conhecer a maioria dos jogadores ajudou-me. O mais difícil é sempre gerir um grupo de jogadores com nível técnico muito idêntico e teres de escolher apenas onze. Tento, também, não ser surpreendido por equipas mais fracas, sabendo que se perdem títulos nesta região, ao desperdiçar pontos com rivais mais vulneráveis. Esses são os jogos mais difíceis.
A Supertaça conquistada premeia uma carreira?
-Vivemos de títulos, a sociedade olha para os sucessos visíveis e isso torna o título muito importante. Queremos mais, conseguimos quebrar 22 anos sem títulos, marco histórico para as pessoas, que ficaram eufóricas. Merecido pelos jogadores, esforço e ideia de jogo. Como treinador devo ter a cabeça fria e pensar nos próximos jogos. Foi muito importante para a minha carreira e temos mais dois troféus para tentar conquistar. Mas digo também que já deixei outros títulos conquistados e o sucesso não é só em função dos títulos. Tenho saído realizado em quase todos os clubes.
Trabalhar e viver no Brasil, ou andar nas Arábias, o que vai rendendo mais estabilidade?
-Moro no Brasil, conheço melhor que ninguém o futebol brasileiro e a mentalidade dominante, mas, curiosamente, não chegam quaisquer propostas aliciantes do Brasil. Tenho a minha vida segura nas mãos de Deus. Mas acredito que um dia aparecerá algo fascinante e desafiador do Brasil.
Sente-se um grande desnível do futebol da Jordânia para a Arábia Saudita, por exemplo?
-O nível do jogador da Jordânia não é em nada inferior ao dos outros países mencionados. O que diferencia mesmo é o poder económico para trazer jogadores estrangeiros de alto nível. Mas a nível de seleções, a Jordânia tem elevada potencialidade, talvez se mudasse o sistema de jogo pudesse ser ainda mais forte, pois têm jogadores para ter mais bola do que na atualidade, normalmente, têm.
A competitividade do Al Hussein também se viu na Champions asiática. Custou sair da prova nos penáltis com o Al Sharjah?
-A nossa equipa transcendeu-se na Champions, fomos sempre muito perigosos e conseguimos marcar em todos os jogos da prova, exceção ao jogo em casa com o Al Sharjah, em que tivemos respeito a mais. O jogo seguinte foi completamente diferente, conseguimos vencer mas não estivemos bem nos penáltis. A equipa vendeu cara a derrota e só temos de estar orgulhosos por uma vitória fora contra uma equipa que com um jogador tem o custo do nosso elenco.
Para quem já experimentou Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait , Sudão e Jordânia, como se entende a atmosfera destes países?
-Têm sido experiências edificantes, fazem parte do meu crescimento também como treinador. A questão da adaptabilidade surge, naturalmente, como virtude ou circunstância mais destacada. Cada país vai apresentando as suas particularidades.
É uma montra para durar?
-Havendo interesses financeiros e poder económico, vai ser sempre uma liga das estrelas e muito interessante. Os jogadores é que fazem o espetáculo, se eles estão lá haverá espetáculo.