Eliminação diante da Macedónia de Norte gerou uma onda de indignação nacional e nem o título europeu conquistado no passado mês de julho atenuou as críticas a Roberto Mancini
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De nada valeu o escudo de campeão europeu no peito dos jogadores da Azzurra. Indiferente ao estatuto do adversário, a Macedónia do Norte fez a festa na noite de Palermo, marcou encontro com Portugal na final do play-off e provocou uma onda de indignação nacional dirigida a Roberto Mancini. De acordo com a Imprensa transalpina, que classificou a derrota como uma "descida ao inferno", o selecionador entrou em período de reflexão e a sua continuidade no cargo está seriamente ameaçada. Fabio Cannavaro, Andrea Pirlo e Claudio Ranieri (livres) foram ontem apontados à sucessão de Roberto Mancini, bem como Stefano Pioli (Milan).
No dia seguinte a mais uma "tragédia" (ver peça em baixo), Mancini ficou em silêncio, mas a sua mãe soltou o verbo e deixou alguns recados ao filho. "É a maior desilusão da carreira do Roberto, porque ele é um vencedor. Ele não precisa de conselhos, mas diria que as coisas podiam ter corrido melhor se ele tivesse convocado o Balotelli. Precisávamos de força no ataque", atirou Marianna Puolo, em declarações à RAI.
No entanto há quem defenda que o problema do futebol italiano vai muito para lá do selecionador e dos jogadores. "A vitória no Euro"2020 foi uma maravilhosa exceção. O problema é grave. O futebol italiano sofre de um atraso cultural. Não existem ideias inovadores. Outros países estão a evoluir e nós estamos parados há 60 anos. O treinador e o jogador são os menos culpados", defendeu Arrigo Sacchi, finalista vencido no Mundial"1994, enquanto outra voz sonante - Fabio Capello - desafiou os treinadores italianos a "inspirarem-se no modelo alemão" em vez de "copiarem as ideias de Pep Guardiola": "Não temos jogadores com técnica suficiente para jogar como os espanhóis."
Lorenzo Casini, recentemente empossado como presidente da liga, também abordou a situação "delicada": "É um fracasso de todo o futebol italiano, que deve motivar uma séria reflexão e mudança de paradigma."
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Jorginho "assombrado" pelos dois penáltis falhados com a Suíça
No final do duelo com a Macedónia do Norte, Jorginho não evitou as lágrimas e, em declarações à RAI, revelou que os penáltis falhados contra a Suíça - um em cada um dos dois jogos da fase de grupos - ainda o assombram. "Dói muito quando penso nos penáltis que falhei. Vou pensar nisso a vida toda, infelizmente. Deixar de ajudar a equipa por duas vezes pesa muito", referiu emocionado, continuando: "É difícil encontrar respostas. Criámos muito, dominámos o jogo, mas não conseguimos concretizar. Jogámos sempre bom futebol, mas nos dois últimos jogos tivemos problemas na finalização."
Crise vai completar 20 anos
Pela primeira vez na sua história, a Itália não marcará presença em dois Mundiais consecutivos (2018 e 2022) e a crise da Azzurra ao nível do maior certame do futebol mundial vai, pelo menos, completar 20 anos de duração, isto caso consiga apurar-se para o Mundial"2026 organizado por Estados Unidos da América, Canadá e México. Desde a noite histórica de 9 de julho de 2006, quando bateu a França em Berlim para conquistar a sua quarta estrela, a Itália não mais voltou a disputar jogos a contar para fases a eliminar de um Mundial.
Na edição de 2010, a equipa comandada por Marcello Lippi chegou à África do Sul com o estatuto de finalista vencida do Europeu"2008, mas ficou no último lugar de um grupo formado por Eslováquia, Paraguai e Nova Zelândia: somou dois empates e uma derrota. Em 2014, no Brasil, os italianos até começaram por ganhar à Inglaterra em Manaus, mas as derrotas posteriores frente à Costa Rica e ao Uruguai decretaram a eliminação precoce da formação de Cesare Prandelli. Desta forma, a derradeira recordação dos italianos num Mundial acaba por ser a famosa mordidela de Suárez a Chiellini, em Natal.
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