Incrível: retirou-se aos 46 anos após 28 de carreira com 51 transferências
Jefferson Louis disse adeus ao futebol no Thame United, um clube especial que acreditou nele mesmo quando esteve preso
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Jefferson Louis, internacional numa ocasião por Dominica, anunciou o final de uma insólita e incrível carreira, na qual foi transferido 51 vezes ao longo de 28 anos.
Atuou sempre em clubes modestos, de Inglaterra (Oxford e Bristol Rovers os mais sonantes) e País de Gales (entre eles o Wrexham), e diz adeus aos 46 anos. Marcou 257 golos em 821 jogos. "Quando me deram a bola para marcar um penálti e a devolvi, soube que era o momento de me retirar", afirmou. Um dos pontos altos foi defrontar o Arsenal no antigo Highbury Park, pelo Oxford United, num jogo da Taça de Inglaterra. O seu futuro passa por ser adjunto no Slough Town.
"Cresci na azáfama de Londres, não acreditava muito em mim e, por vezes, tem de acontecer alguma coisa para nos fazer viver de acordo com o nosso verdadeiro potencial. Para mim, foi sair de Londres; eu não queria, mas a minha mãe e eu mudámo-nos para Aylesbury e, embora na altura não o conseguisse ver, a mudança abriu-me portas que não existiriam se tivéssemos ficado onde estávamos. Tinha 17 anos e comecei a jogar no Risborough Rangers e depois tive um período no Aylesbury United, mas foi durante o meu tempo no Thame United que houve uma grande reviravolta. Fui enviado para a prisão por condução perigosa e, enquanto estava lá dentro, Andy Sinnott, o meu treinador e uma figura muito respeitada na cena futebolística local, veio visitar-me. Nenhum dos membros masculinos da minha família tinha feito isso, mas durante a visita ele disse-me que eu podia ser tudo o que quisesse", recorda, em entrevista ao Southern Football League.
"Disse-me que eu podia fazer carreira no futebol e ser alguém importante para mim. As pessoas já me tinham elogiado pelas minhas capacidades futebolísticas, mas eu precisava que alguém mostrasse a sua fé em mim e o Andy fez isso. Quando saí da prisão, voltei para o Thame United com o Andy, a quem ainda me refiro como o meu 'pai do futebol', e pus-me na melhor forma da minha vida. Joguei como um homem possuído, marcava golos a torto e a direito e isso deu-me a oportunidade de tornar-me profissional no Oxford United", prossegue.
Jefferson Louis recorda o ponto alto da carreira: "Era tudo o que eu sempre quis e tive grandes momentos, incluindo jogar contra o meu clube, o Arsenal, em Highbury. Passei por Arsène Wenger e ele sabia quem eu era. Depois, durante o jogo, os adeptos do Arsenal, sabendo que eu era um adepto do clube, começaram a gritar o meu nome! Estas coisas ficam connosco para sempre e gostei muito da minha passagem pelo Oxford United, os seus adeptos sempre foram brilhantes comigo."
As 51 transferências são vistas como algo positivo: "Costumava olhar para o número de transferências que tive de forma negativa. Mas, à medida que envelhecemos, percebemos que é um complemento o facto de tantos treinadores quererem contratar-me; deve ser porque estou a fazer algo de bom, como jogador e como pessoa. Mesmo depois dos 40 anos, os clubes quiseram contratar-me e não é habitual os jogadores de campo terem a longevidade que eu tive a este nível. O segredo? Cuido de mim. Também me tornei vegan e tudo isso valeu a pena, pois consegui prolongar a minha carreira de jogador até aos 46 anos."