Hulk abre o livro: a alcunha, a "falta de respeito" dos árbitros, convites de Arábia e MLS e o fim da carreira
Declarações de Hulk, ex-FC Porto, em entrevista ao Abre Aspas, do Globo Esporte
Corpo do artigo
Discriminado por árbitros no Brasil: "Na verdade, eu pensei sair, sim. Trouxe até uma proposta para o Rodrigo Caetano [diretor de futebol do Atlético Mineiro]. Ninguém sabe disso, não abri para ninguém. Tinha uma proposta da Arábia, mostrei para o Rodrigo e disse: 'Quero ir embora, estou cansado disso'. O Rodrigo veio e aliviou o meu coração. Disse: 'a Camila está grávida. Vai nascer a sua filha'. Resolvi ficar. É claro que a cabeça quente acabou impulsionando eu falar aquilo. Mas eu tinha proposta sim. Não uso a palavra perseguição. Eu acho que é falta de respeito. Porque a partir do momento que você fala comigo e eu dou as costas, eu faltei com respeito com você. Se eu não posso dar as costas para ele, por que ele pode dar as costas para mim? Acho que é essa comunicação. Na Europa não tem isso. Não tem isso porque o árbitro se impõe. Ele conversa e quando tem que dar cartão, ele aplica o cartão. Mas nunca dá as costas. Nunca presenciei isso em Liga dos Campeões. Aqui não tem."
O 5-0 sofrido no Mundial de 2014 contra a Alemanha: "Sem dúvida, foi o pior momento, falando na parte futebolística, falando como profissional, o pior dia. Foi difícil. Eu ficava a olhar e a pensar: 'Estou a ter algum pesadelo, isso não está a acontecer'. Quando aconteceu os 5-0, no intervalo do jogo, a gente olhava uns para os outros, tentando entender o que estava a acontecer. O Felipão até falou: 'Vamos voltar lá, tentar minimizar ao máximo. É o que a gente pode fazer'. No final da partida, todo o mundo a chorar, ninguém queria pegar o celular."
A alcunha Hulk: "É antes do futebol. O apelido Hulk foi dado pelo meu pai. Quando eu tinha três anos de idade, ele falava que eu ficava a imitar o Hulk dentro de casa, levantando pesosa e a dizer: 'Pai, eu sou muito forte, eu tenho muita força, eu sou o Hulk'. Ele disse: 'Está bom, filho, você vai se chamar Hulk', mas ele falou a brincar. Ele achava que isso não ia pegar. Na escola, chamavam-me Hulk. Só a professora me chamava de Givanildo. Hoje ninguém me chama de Givanildo. Às vezes, a gozar, às vezes de verdade, as pessoas não sabem que o meu nome é Givanildo."
Os ídolos: "O meu ídolo, como pessoa, era o meu pai, que sempre me ajudou bastante. Como jogador, como atleta mesmo, eram o Ronaldo Fenómeno e o Romário. Chamavam-me de Romário, porque eu tinha a perninha meio torta quando era criança, jogava futsal com a número 11. A minha equipa de coração era o Treze da Paraíba, o meu pai levava-me para assistir aos jogos do Treze. Coincidência, 13 é Galo".
Filhas nasceram nos Estados Unidos. A possibilidade MLS: "Não sei, tenho residência nos Estados Unidos, mas hoje, a minha residência oficial é na Paraíba, casa que eu e Camila desenhamos pensando no futuro morar lá. Não sei o que vai acontecer, tem questões de empresas, pós-futebol, os filhos que vão crescendo e você quer estar perto deles, no desenvolvimento, nas decisões. Não sei onde eu vou morar. Já me perguntaram se eu queria jogar na MLS, eu não sei. Eu sei que tenho contrato aqui, não sei se vou cumprir e vou parar de jogar, não sei. O que eu sempre digo é que eu não quero sofrer. Chegar com 40 anos a jogar e não estar a conseguir, aí não dá. É melhor aposentar e tomar conta das coisas."