Ex-Manchester City superou vício em álcool e drogas: "Tinha duas opções..."
Antigo internacional pela Irlanda do Norte, Jeff Whitley jogou na Premier League, mas admitiu que esse patamar lhe subiu à cabeça em jovem, levando a uma vida de vícios que acabou por lhe destruir a carreira, obrigando-o a entrar em reabilitação
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Jeff Whitley, antigo médio-defensivo que jogou em clubes como o Manchester City e o Sunderland na Premier League, entre 1996 e 2004, falou esta quarta-feira sobre a forma como teve de entrar em reabilitação para acabar com uma vida de vícios em álcool e drogas, que acabou por lhe destruir a carreira e levá-lo à bancarrota.
Formado no atual tetracampeão da Premier League, que na sua altura lutava para não descer de divisão, Whitley, antigo internacional pela Irlanda do Norte em 17 ocasiões, começou por admitir, em declarações à BBC, que essa chegada à elite do futebol inglês lhe subiu à cabeça enquanto jovem, levando a que se deixasse influenciar por maus hábitos.
“Mal me comecei a estabelecer na equipa principal, houve quase uma mudança, em que te tornas quase impossível de ensinar e pensas que sabes tudo o que é bom para ti. Havia uma cultura de bebida e festa e eu deixei-me levar demasiado nisso. Tu pensas que não faz mal porque os mais velhos fazem-no", explicou, dizendo que essas noitadas e a sua própria atitude acabaram por fazer com que os vários clubes e até a sua própria seleção perdessem a paciência e desistissem de si.
“Quase todos os clubes seguiram em frente em relação a mim por causa do meu comportamento fora de campo. Não conseguir estar bem ou perceber que tenho de dizer que ‘não’ às vezes, quando saía à noite. O Manchester City basicamente engoliu-me porque causa disso, fui avisado várias vezes. No Sunderland aconteceu o mesmo, saí à noite numa sexta-feira e isso custou-me o meu lugar”, recordou, revelando a altura em que a situação chegou ao limite: “Eu não sabia como manter-me sob controlo ou até entender qual era o problema. Eventualmente, o álcool e as drogas começaram realmente a aumentar. Estava farto de me sentir assim. Tinha duas opções. Ou continuava a fazer o que estava a fazer e talvez morresse, ou pegava no telemóvel e pedia ajuda”.
Decidido a mudar de vida, Whitley ligou à Associação de Futebolistas Profissionais (PFA) de Inglaterra e País de Gales, cumprindo um período de reabilitação que durou 26 dias.
“Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, mas também a melhor. Consegui perceber qual era o problema e qual era a solução. Era um viciado, mas havia uma forma diferente de viver. Consegues perceber que há mais pessoas assim que vivem vidas limpas e sóbrias. As coisas não mudaram da noite para o dia, não és logo curado e já está”, apontou, falando numa batalha constante.
Desde essa reabilitação, o ex-futebolista, atualmente com 45 anos, trabalhou num “stand” de venda de carros até abraçar um cargo de diretor de bem-estar na PFA, visitando regularmente clubes e jogadores com o objetivo de ajudar a lidar com situações como a que teve na sua carreira.