Bernd Leno, guarda-redes do Fulham, admitiu que a troca de Aaron Ramsdale por David Raya nos últimos jogos do Arsenal é uma situação que já viveu em primeira mão, quando o guarda-redes inglês foi contratado no verão de 2021, o que acabaria por ditar a sua saída dos gunners.
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Bernd Leno, guarda-redes do Fulham, defendeu a baliza do Arsenal entre 2018 e 2022, tendo sido substituído por Aaron Ramsdale, contratado ao Sheffield United, em 2021.
Nas últimas duas partidas dos gunners, diante do Everton (1-0) e PSV (4-0) o guardião inglês, titular regular da equipa, acabou por ficar no banco, com o espanhol David Raya - chegou do Brentford no mercado de verão - a assumir as redes.
Em entrevista ao jornal The Times, Leno referiu que Ramsdale está a viver uma situação que lhe é bem familiar, revelando a forma amarga como foi rendido nos londrinos.
"Quando quis lutar pelo meu lugar, o treinador de guarda-redes disse-me: 'Tens de deixar o clube'. Quando disse que não se tratava de rendimento, soube de imediato que tinha de ir. Não se não queriam dois guarda-redes fortes. Faltava-me um ano de contrato e foi a última vez que fizeram dinheiro comigo", recordou.
Leno admitiu ter ficado magoado com essa situação e teme que Ramsdale esteja prestes a passar pelo mesmo: "É preciso mudar de jogadores e ter uma energia positiva, mas vou houve um par de desculpas que não entendi e devo dizer que, infelizmente, está a acontecer mais ou menos a mesma coisa com Ramsdale, que é um bom tipo. Sei como se sente, há algumas parecenças".
Mikel Arteta, treinador do Arsenal, quando questionado sobre a substituição de Ramsdale, admitiu que planeia realizar alterações de guarda-redes a meio de uma partida. Em resposta a essa ideia, Leno torceu o nariz, dizendo que não seria bom para a confiança de nenhum dos guardiões envolvidos.
"Sentiria-me muito estranho e surpreendido se visse que o meu número ia sair ao minuto 75. Todos no estádio seriam surpreendidos. Não importa se sou eu ou o Alisson [guarda-redes do Liverpool], não faz sentido. E não faria sentido se fosse o guarda-redes que entra, que se sentiria pior do que eu, sem aquecer, sem contacto com a bola e sem sentir as distâncias. Se o treinador me perguntasse, eu diria: 'Não faças isso'", opinou.
"Vi a entrevista de Arteta sobre substituições de guardiões e algumas pessoas dizem que se pode fazer, mas a nossa posição é demasiado passiva. Como extremo, podes ter impacto no jogo porque tens a bola, mas como guarda-redes, normalmente apenas reagimos. Se um cruzamento nos chega, podemos apanhá-lo ou temos de permanecer na linha, mas um extremo pode ditar a situação. Só vivi uma substituição por uma vez na minha carreira, quando Petr Cech se lesionou. Tive a sorte de que foi no intervalo, mas se entras ao minuto 60 e estava sentado no banco, não estás ativo e isso é muito duro. Estou deserto para ver se Arteta fará isso num jogo ou se simplesmente disse aquilo, mas não creio que muitos [treinadores] o façam", prosseguiu.
Leno finalizou o discurso considerando que os guarda-redes são uma "posição especial" e que por isso "deveriam ser tratados de forma diferente".
"É preciso coerência. Um bom exemplo foi quando cheguei pela primeira vez ao Arsenal, joguei na Premier League e Cech jogou na Liga Europa e nos jogos da Taça. Falei com os defesas e eles disseram-me que não se sentiam confortáveis com isso, com diferentes guarda-redes e diferentes caraterísticas. Não se contrói uma relação assim, demora tempo. Como treinador, nunca mudaria o meu guarda-redes para dizer: 'Oh, hoje preciso de um guardião bons com os pés ou um melhor para os centros' ou 'Hoje preciso de um bom guardião porque jogamos contra o Manchester City'", rematou.
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