Dani, histórico e grande capitão do último Athletic que alcançou dois títulos de campeão espanhol no início dos oitentas, olha com admiração para o trabalho de Luis de la Fuente, um jovem companheiro nessa era triunfante em Bilbau. Fala de uma resposta a muitos críticos que o tentaram despedir
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A Espanha incendiou paixões no Europeu por conta de um jogo técnico e desarmante para os rivais, fazendo uso do talento mais jovem como ninguém. Brilha e muito o menino Yamal, também o adolescente Nico e o resto é uma orquestra bem afinada em todas as fases do jogo. Também surpreendeu o treinador Luís de la Fuente, encarado muito tempo com reservas, apesar de um largo trajeto de sucesso nas seleções jovens de nuestros hermanos.
Aos 63 anos, o antigo defesa do Athletic, que herdou a paixão do pai pelo clube basco, mesmo tendo nascido na capital dos vinhos Rioja, Haro, é outro vencedor do Europeu, pois La Roja, mesmo com os seus bons jogadores, nunca esteve no contentor dos principais favoritos. E numa seleção com muito aroma basco, fomos ao encontro de Dani, o histórico capitão da última grande era do Athletic, início dos oitentas com dois campeonatos conquistados e uma Taça. Também jogava Zubizarreta, aparecia nessa equipa o jovem de La Fuente, um defesa esquerdo que foi sentido a garra dos leões. Dani, de 73 anos, sente o sucesso da Espanha com uma marca fortíssima do antigo companheiro, que acaba por realizar sete épocas em Bilbau.
"Sempre confiei no seu profissionalismo e dedicação. Fui seu capitão e deu para ver um jogador escrupuloso na ética de trabalho. Estou muito satisfeito, mas fez aquilo que esperava dele, superando uma linha de críticas, de quem o tentou despedir pouco depois de ser nomeado", dispara o antigo goleador. "Em bora hora foi escolhido, tinha as condições certas para ser bem-sucedido. O resultado está à vista, colocou a Espanha na final. Muitos tentaram fazer-lhe dano, outros pressionar, ele nunca cedeu, nem abdicou das suas ideias. Traçou o seu rumo com tranquilidade", destaca Dani, encontrando vestígios da liderança na aprendizagem herdada num grande Athletic. "Fez das diferenças forças, conseguiu unir o grupo desde o primeiro momento. Criou aquilo que é a verdadeira dimensão de grupo, onde todos são amigos e ele é mais um amigo dos jogadores. Por vezes, é mais importante qualidade humana que futebolística, ele percebeu isso em todas as escolhas que fez", louva.
"Viveu essa união no Athletic, esse querer em conjunto entre os mais velhos e os mais jovens. Viveu uma fase de grandes títulos, um período marcante e conheceu uma fórmula de sucesso. Reproduziu isso na Espanha, um sentimento coletivo por cima de tudo", elogia Dani, maravilhado com o estilo e personalidade da seleção. "Luís fez um trabalho fantástico e de grande mérito. Contra pressões e diferenças, contra tantos que o tentaram diminuir, fez o seu caminho. Beneficiou também desse longo trajeto nas seleções, dos títulos que conquistou e dos jogadores que acompanhou. Isso facilitou-lhe o processo de escolhas e ele teve critério apurado em tudo", conclui.