"Difícil é deixar de fora, dizer quem não vai neste lote quando temos um conjunto alargado"
Fernando Santos sublinha que o facto de poder levar 26 jogadores ao Europeu não traz só vantagens.
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Fernando Santos confessou que o mais difícil na elaboração de uma convocatória é escolher quem fica de fora da lista final e assumiu que a gestão de 26 futebolistas numa prova como o Euro'2020 é "complicada".
Em entrevista à agência Lusa, o selecionador nacional disse que não teve dificuldades em decidir quais os atletas que integram as opções para a competição, mas sim na escolha daqueles que ficaram de fora do lote, tendo em conta o "número e a qualidade" dos que poderiam ser chamados.
"Não é difícil escolher quem vai. Difícil é deixar de fora, dizer quem não vai neste lote, quando temos um conjunto alargado de jogadores, em número e qualidade. É sempre bom para os selecionadores ter um leque mais alargado do que aquele que poderá ser chamado. Aqui, o que é mais difícil para os selecionadores é quem deixam de fora", afirmou.
As seleções poderão apresentar-se no Euro'2020 com um máximo de 26 jogadores, mais três do que vinha sendo habitual nas grandes competições internacionais, para fazer face ao desgaste acumulado pelos atletas durante esta temporada, mas também para precaver eventuais casos de covid-19 que possam surgir durante a prova.
"Numa competição como um Europeu ou Mundial, não é bom levar muitos jogadores acima dos 23, ou seja, levar jogadores que não podem estar no banco. Não é bom em termos de gestão, mas tem muito a ver com os casos que podem surgir durante o Europeu", disse Fernando Santos, recordando que concordou com a decisão da UEFA em alargar o lote de jogadores, mas não com o número máximo permitido.
De resto, os selecionadores serão confrontados com "algo novo" ao "nível da gestão" dos convocados para "uma prova tão curta, que se joga de quatro em quatro dias e com três jogadores que não poderão estar disponíveis para o banco".
"É muito diferente ter todos os jogadores no banco, efetivamente à disposição do selecionador, disponíveis para o jogo. Outra coisa é estarem disponíveis para a seleção, mas, depois, não estarem disponíveis para aquele jogo e irem para a bancada. É uma gestão complicada. Por exemplo, se houver um jogador que nos primeiros três jogos vai as três vezes para a bancada, será complicado para o jogador, para o selecionador e até para os próprios colegas", explicou à agência Lusa.
Em plena pandemia de covid-19, Fernando Santos mostrou-se favorável à realização do Europeu em apenas um ou dois países, ao contrário do formato que vai acontecer, com jogos em 11 cidades de 11 países diferentes.
"Vai ser muito difícil de gerir, é pandémico. Eu optaria por jogar num país ou, no máximo, em dois países que estivessem perto. Era preferível para todos nós jogar num só país, mas penso que a UEFA não teria muita possibilidade de alterar. De qualquer forma, é assim que vamos jogar e é para isso que vou preparar a equipa", referiu.
Portugal, que é o detentor do troféu, integra o Grupo F do Euro'2020, juntamente com Hungria, Alemanha e França, tendo estreia marcada na competição para 15 de junho, diante dos húngaros, em Budapeste, antes de defrontar os germânicos, em 19, em Munique, e os franceses, em 23, novamente na capital magiar.
Até à partida para Budapeste, marcada para 10 de junho, a seleção nacional vai realizar dois encontros de preparação, com a Espanha, em Madrid, em 4 de junho, e com Israel, cinco dias depois, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
O Euro'2020, que foi adiado para este ano devido à pandemia de covid-19, realiza-se em 11 cidades de 11 países diferentes, entre 11 de junho e 11 de julho.