O Barcelona já tinha afirmado querer manter-se em La Liga e qualquer alteração, que o artigo 155 deve impedir, poderia tardar seis anos.
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O Parlamento catalão aprovou na sexta-feira, numa controversa sessão em que a oposição abandonou a sala, por uma maioria de 70 votos a favor, dez contra e duas abstenções a proposta da coligação no poder com vista a declarar a independência e abrir um processo que culmine na constituição de uma república da Catalunha.
As reações sucederam-se, em particular as oriundas do mundo do desporto - umas favoráveis, outras contra -, tal como a resposta governamental, que conseguiu a aprovação, no Senado, da aplicação do artigo 155 da Constituição de Espanha, uma solução inédita e extrema, para travar o processo independentista.
Do maior símbolo desportivo da Catalunha, um Barcelona que lidera folgadamente a liga espanhola de futebol e também domina em várias outras modalidades, a única coisa que se ouviu foi... silêncio. Não haverá qualquer posição oficial sobre o tema. O treinador, Ernesto Valverde, natural da Estremadura, admitiu seguir a situação, mas escusou-se a comentar. Quanto ao presidente, Bartomeu, já tinha dito há uma semana que o clube apoia as instituições e o povo daquela região autónoma, mas isso não significa, como sublinha a Imprensa espanhola, que esteja a favor de uma declaração que resultou de uma votação que se baseia numa lei que está suspensa pelo Tribunal Constitucional. Na mesma altura, o dirigente reiterou o desejo de permanecer em La Liga.
"Nada muda. Foi consumada uma farsa. A Lei do Desporto ampara todos os clubes e desportistas, naturalmente incluindo os catalães", afirma José Lete
Por isso, e pela entrada em vigor do referido artigo 155, é expectável que nada mude no desporto do país vizinho, em especial uma hipotética saída do Barcelona do campeonato nacional. Qualquer alteração, refere o jornal "Marca", teria de passar por um pedido das federações catalãs das várias modalidades no sentido de serem reconhecidas como independentes. E que isso fosse aceite pelas instâncias internacionais, como a FIFA e a UEFA, no caso do futebol. Qualquer processo do género, diz o mesmo diário, poderá demorar até seis anos e não significa que tenha êxito, uma vez que, nas competições internacionais, são as federações nacionais que indicam quais os clubes que as disputarão, com base em critérios desportivos.