Aos 50 anos, e depois de ter trabalhado fora de Portugal na Grécia, Turquia e Emirados Árabes Unidos, o técnico português chegou a Sheffield para tentar devolver o histórico Wednesday à Premier.
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Há muitos anos afastado do escalão principal de Inglaterra, o Sheffield Wednesday deu, este sábado, um passo para poder lá voltar, ao garantir um dos quatro lugares no play-off de promoção. A O JOGO, numa entrevista feita pouco depois de celebrar essa meta alcançada, Carlos Carvalhal salientou a dimensão de um feito em que poucos acreditavam no início da temporada, quando assumiu o comando dos mochos.
Esta presença no play-off é um ponto de chegada ou um ponto de partida?
-Na sétima jornada estávamos em 19.º lugar, o que dá para perceber a magnitude do feito que foi alcançado. Para mim, esta competição é a mais dura do mundo, pela sequência, número e intensidade dos jogos. E este feito num primeiro ano em Inglaterra é absolutamente fantástico. Nós assumimo-nos sempre como "outsiders", numa competição com equipas e clubes muito bem preparados, nomeadamente os que estão acima de nós na classificação (Middlesbrough, Burnley, Brighton, Hull e Derby) - e alguns que estão abaixo, que são clubes que andam a tentar a promoção há muitos anos e com orçamentos elevadíssimos. Por outro lado, nos últimos 16 anos os adeptos do Sheffield não tiveram motivo nenhum para sorrir. Ficámos apurados para o play-off e eles estão extremamente satisfeitos. Foi qualquer coisa de extraordinário.
E a partir de agora?
-A partir de agora, somos completamente "underdogs", como eles dizem cá. Não temos nenhuma pressão. Somos a única equipa nessa situação nos play-offs. Somos a única que ninguém esperava ver lá chegar, porque as outras cinco toda a gente contava que lá chegassem. Depois, havia mais cinco ou seis candidatos para ocupar esta vaga do sexto lugar.
O Sheffield Wednesday já tem estrutura para a Premier League?
-Para já nem quero pensar nisso. Ainda jogamos no sábado com o Wolverhampton e depois temos uma semana para preparar o play-off. Também temos essa vantagem de no sábado jogarmos um encontro que não decide absolutamente nada, enquanto há competidores que estão a discutir coisas, o que é uma vantagem para nós.
Se chegar à Premier, esse será o dia mais importante da sua vida até agora?
-Vou ser sincero: eu, nesta fase da minha vida, quero é ter consciência de que faço um bom trabalho, que as pessoas gostam de mim, que faço evoluir os jogadores e que a minha equipa joga bem. E isso foi plenamente alcançado aqui no Sheffield. Até pelas pessoas que vieram hoje [anteontem] aqui: 31 mil adeptos. As pessoas daqui não estão habituadas a ver bom futebol, mas nós começámos a jogar o melhor futebol, ou um dos melhores que há na Championship, facto reconhecido por todos os treinadores. Com um dos melhores ataques, porque o somos e porque temos muitos golos marcados. Com um grande equilíbrio entre golos marcados e sofridos, e batemos o recorde de jogos seguidos sem sofrer golos. Isso dá ideia do equilíbrio que nós conseguimos aqui. A equipa hoje pratica um bom futebol. Isso para mim, como treinador, é que é o mais importante nesta fase da minha carreira. O que vier depois vem como consequência do trabalho que está a ser feito.