Brincadeiras, vindimas e "chapadas": as raízes de Griezmann em Portugal

São cerca de dez primos a família que dá corpo às raízes portuguesas de Antoine Griezmann. Aquele que é, porventura, o melhor jogador da seleção de Didier Deschamps e uma das figuras deste Europeu é neto de um jogador da fundação do Paços de Ferreira. O avô Amaro da Cavada vestiu a camisola do Vasco da Gama, o clube que esteve na origem do que disputa, atualmente, a I Liga. Como milhares de portugueses, a década de 1960 levou-o para França. Fixou-se em Mâcon com a companheira e foi ali que a família se multiplicou, não só no sentido literal, conta Ana Isabel Silva, uma das primas com quem Antoine Griezmann brincou nas férias da infância e que recorda a avó do atacante, "dona Carolina", como uma mulher muito querida na comunidade emigrante. A família era humilde, mas fazia questão de "dar guarida" àqueles que, como eles, deixavam a miséria portuguesa à procura de uma vida melhor.

Nas férias, dona Carolina viaja com os netos para Paços de Ferreira. Na memória da prima portuguesa ficaram as brincadeiras, as vindimas e algumas "chapadas", fruto do domínio territorial e da força de ser mais velha - ser pequenito sempre foi um problema para o mais recente herói da seleção francesa. Franzino, Antoine Griezmann não mereceu qualquer oportunidade nos clubes do país de origem e emigrou para Espanha: fez a formação na Real Sociedad e daí saltou para o Atlético Madrid. O conhecimento das "dificuldades por que passou" para se fazer o grande futebolista que o mundo hoje aplaude é mais uma razão para Ana Isabel Silva, psicóloga, fazer questão de contar aos vários jornalistas que contactam a família a realidade para lá do sucesso de Griezmann, os desafios que enfrentou e venceu para crescer como jogador. Tema que ela própria já explorou, no Paços de Ferreira, quando esteve ligada às camadas jovens do clube onde a tradição de Amaro da Cavada prosseguiu sem bola, antes de ser exposta pela final do Euro"2016.