Ausência de VAR na qualificação para o Mundial é culpa dos países impreparados
Querendo condições iguais nos recintos, organismo sabe da impreparação de alguns países para terem a tecnologia. Portugal não se pronunciou ontem e só decide como proceder depois do Luxemburgo
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Cristiano Ronaldo ficou a pedir o golo que daria a vitória a Portugal na Sérvia e o mundo questionou e criticou a ausência do VAR na qualificação para o Mundial"2020. A FIFA aprovou, em 2019, a utilização do VAR nas qualificações e essa decisão ainda não foi concretizada, ficando reservada, sim, para as fases finais.O organismo pede equidade nas competição e, apesar de querer a tecnologia, deu às confederações o poder de decisão.
Para garantir a igualdade de circunstâncias para as seleções envolvidas é caso para dizer que por uma exceção pagam todos e erros tenderão a acumular-se.
A UEFA, responsável por nomear árbitros, alegou a dificuldade em colocar o sistema operacional nos estádios espalhados pela Europa e, então, garantir o princípio de igualdade pedido pela FIFA. Podendo ter jogos em França, em Portugal ou na Alemanha com tecnologias usadas nos campeonatos locais só seria viável se o conseguisse fazer em federações que, atualmente, não utilizam o mesmo protocolo nas ligas ou que tenham recintos impreparados para o efeito, aliás um problema que suscitou dúvidas no nosso país quando alguns dos estádios de I Liga não tinham as condições exigidas. Para garantir a igualdade de circunstâncias para as seleções envolvidas é caso para dizer que por uma exceção pagam todos e erros tenderão a acumular-se.
Apesar de testes noutras provas, foi em 2018, no Mundial da Rússia, que o VAR efetivamente ficou para ser usado em toda a prova e até Pierluigi Collina e Roberto Rossetti, antigo e atual titulares do cargo de presidente do Comité de Arbitragem da FIFA, afirmaram que a tecnologia deveria estar em todas as competições, pedindo a utilização da tecnologia à entidade que rege o futebol europeu.
No domingo, vários jornais sérvios escreveram que Portugal iria fazer uma reclamação depois do 2-2 em Belgrado, podendo protestar o encontro junto das instâncias competentes ou fazer uma exposição formal do erro da equipa chefiada por Danny Makkelie, isto pela clareza do lance e, claro, pelo mediatismo que gerou o final do encontro em Belgrado sendo Ronaldo o protagonista.
Apesar dessas notícias, a verdade é que a Federação Portuguesa de Futebol não tomou ontem nenhuma posição oficial. E, ao que O JOGO pôde apurar, o organismo liderado por Fernando Gomes prefere não avançar com qualquer medida nesta fase devido à proximidade do encontro com o Luxemburgo. Só depois dessa partida, o organismo decidirá o que fazer.
Linha de baliza foi caindo
Antes do VAR, apareceu a tecnologia de linha de baliza, estreando-se em provas da FIFA no Mundial de Clubes de 2012. Estando alguns estádios impreparados para o VAR, a colocação de um chip na bola, apesar de cara, seria uma solução possível. Só que a tecnologia, por ser mais incompleta do que o videoárbitro, foi caindo, depois de utilizada nas Ligas dos Campeões, Europa, Copa América e Europeu de 2016.
Irlanda queixou-se antes
Na primeira ronda do Grupo A, a Sérvia venceu em Belgrado a República da Irlanda por 3-2. No entanto, com 1-1 no marcador, os visitantes pediram um penálti e insurgiram-se com a arbitragem. "É mais fácil marcar um canto do que um penálti. Não entendo como não há VAR. Há numas competições e depois não existe esta tecnologia noutras", disse após a derrota o treinador Stephen Kenny, que perderia na segunda ronda com o Luxemburgo, aumentando para dez os jogos seguidos sem ganhar.
As críticas recentes pela falta de VAR na qualificação para o Mundial transcendem, naturalmente, o Grupo A. "Estou furioso. É um momento do qual saímos muito prejudicados. Com o VAR teria sido diferente. Não podia parar a minha ação e não quis derrubar ninguém. Ele foi esperto por ficar no chão tanto tempo", alegou Javi Martínez quanto à penalidade assinalada sobre Masouras e que deu o empate 1-1 à Grécia no jogo com a Espanha na jornada inaugural do apuramento no Grupo B. "Com o VAR nunca seria marcado este lance", apoiou, logo de seguida, o colega Marcos Llorente.
OUTROS CASOS
O golo de Wembley valeu um Mundial
Em 1966, a Inglaterra ganharia o seu único Mundial adiantando-se no marcador, no caso com o 3-2, com uma bola que não transpôs a baliza da República Federal da Alemanha como provado por um estudo em Oxford. O pó na bola indicaria que ela tinha, sim, tocado na linha de baliza, mas foi validado o golo. O assistente Bahramov é, ainda hoje, acusado pela Alemanha de ter favorecido os ingleses, já que os germânicos afastaram a URSS, a sua pátria, nas meias-finais.
A história reverteu-se e Lampard gritou
Nos oitavos de final do Mundial de 2010, a Alemanha bateu a Inglaterra por 4-1, mas Lampard ficou a reclamar um golo limpo, num tiro de longe, que daria o 2-2. O momento ficou conhecido como a vingança por Wembley. Blatter, líder da FIFA, abriu a discussão pela tecnologia de baliza.
Ricardo sentou-se e enganou o fiscal
Num Sporting-Leiria, que o Sporting viria a vencer por 2-1 em 2005, Ricardo foi figura principal. O guardião leonino defendeu para a barra um cabeceamento ao segundo poste e só teve tempo de se sentar dentro da baliza para defender a ressaca. Esticou as mãos e afastou a bola e o golo não foi validado apesar de a bola entrar por dois palmos.
Petit vs Baía num clássico quente
O FC Porto venceu por 1-0 na Luz em 2004, mas o jogo teve muita polémica durante e depois, já que um remate de longe de Petit acabou por não ser considerado golo, apesar de, nas imagens televisivas, ter dado a sensação de que Vítor Baía resgatou a bola já dentro da baliza.
Pedro Mendes tinha marcado a léguas
Pelo Tottenham, em 2005, Pedro Mendes teria conseguido o golo da carreira. A 50 metros surpreendeu Carroll, que largou a bola para dentro da baliza. O guarda-redes do Man. United foi capaz de enganar o assistente.