André Amaro chegou ao Catar motivado pela vertente financeira, é impossível fugir à evidência, mas também pela oportunidade de conquistar troféus. No horizonte, porém, está a mudança para um campeonato mais mediático – como o português – com o foco na Seleção Nacional.
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Está a iniciar a terceira temporada no Catar. Ficou a dois pontos do título na primeira, já foi à final de duas Taças e perdeu… Qual a expetativa para este ano?
—O Al Rayyan quer certamente ganhar alguma competição, campeonato, taças. Infelizmente temos chegado às decisões e acabamos sempre por não conseguir o troféu, mas estamos com muita sede de ganhar, as ambições passam por aí.
Foi treinado por Leonardo Jardim na primeira época e por Artur Jorge na segunda. Quais as principais semelhanças e diferenças entre os dois?
—São ambos muito bons treinadores, ambos já ganharam títulos muito importantes e contribuíram muito para o meu desenvolvimento. São diferentes nos seus estilos, o míster Artur Jorge trabalha um bocadinho mais em função do adversário, com bola e sem bola. Com o míster Leonardo Jardim os treinos eram com base numa ideia mais geral. Mas gostei muito de trabalhar com os dois.
Está prestes a fazer 23 anos e tem um contrato com o Al Rayyan válido por mais cinco. Vê-se a cumpri-lo até ao fim?
—No papel, tenho uma ligação ainda longa para cumprir. Mas no futebol nunca se sabe o que pode acontecer.
Agrada-lhe a ideia de regressar a Portugal, no caso para um patamar acima do que já experimentou no Vitória?
—Sim, claro que vejo sempre com bons olhos um regresso a Portugal, no caso para um dos “grandes”. Mas neste momento estou muito feliz aqui e planeio ficar cá mais algum tempo.
O que o levou a aceitar este convite no início de 2023/24, depois de se ter imposto como titular no Vitória de Guimarães e na Seleção Sub-21? Foi acima de tudo a vertente financeira?
—Claro que não sou hipócrita, o projeto convenceu-me muito no que era a vertente financeira, mas vim com a ambição de ganhar títulos, continuar a evoluir e crescer como jogador, não importa o contexto. Posso dizer que hoje estou muito melhor jogador do que era há dois anos.
Mas não teve receio de sair do foco mediático? Acabou por nunca mais ser chamado à Seleção Sub-21, por exemplo…
—Sei perfeitamente que tendo feito esta opção, acabei por ficar um pouco de fora dos quadros da Seleção, depois de até ter participado no Europeu [três jogos em 2023]. Mas não me arrependo da minha decisão. Claro que sei que, para um dia chegar à Seleção principal, será difícil estando aqui, terei de ir para outro campeonato mais mediático.
O que falta à liga do Catar para chegar ao nível, por exemplo, da Arábia Saudita?
—A Arábia Saudita é um campeonato acima em termos de competitividade e exigência, e se mesmo assim há quem duvide da sua qualidade, ainda mais dúvidas haverá relativamente à liga do Catar. O que posso dizer é que já cresceu bastante desde que estou aqui, já estão grandes jogadores a vir para cá, e a tendência vai ser sempre essa, têm as pessoas certas na organização da liga e na dinâmica e o futebol aqui tem tudo para crescer.
Tem algum clube ou campeonato de sonho?
—Tenho o sonho de jogar na Premier League, e quero ganhar uma Liga dos Campeões. Em termos de clube, o meu clube de sonho é o Real Madrid.
Estádios modernos surpreenderam
A primeira impressão de André Amaro sobre o futebol do Catar foi positiva, acima de tudo ao nível das infraestruturas. “Estádios com ar condicionado, lá fora podem estar 40 graus e dentro do estádio 19 ou 20. Os campos de treinos… é tudo muito bom”, elogia, apesar das “diferenças nos treinos”. “Os jogadores locais não têm tanto a cultura de trabalho dos europeus, falta intensidade e também um pouco a qualidade. A vinda de treinadores e jogadores estrangeiros, mas também de profissionais de outros departamentos, também os obriga a elevar o nível, a exigência, a competitividade”, completa.