Ancelotti e as pastilhas: "No início dos jogos, a minha pulsação está a 120"
Treinador comentou vários tópicos relacionados com o Real Madrid em entrevista, destacando a forma como o gigante espanhol se soube "adaptar" ao futebol moderno
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Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, comentou esta sexta-feira vários tópicos relacionados com a atualidade do gigante “merengue”, atual campeão espanhol e europeu.
Em entrevista ao podcast do ator e diretor de cinema Giacomo Poretti, o técnico italiano começou por assumir que já teve problemas com vários jogadores ao longo da sua carreira, mas frisou que todos se acabaram por resolver.
“Gostaria de ser uma mosca para escutar o que diz um jogador quando não joga e volta para casa. Muitos jogadores discutiram comigo e muitos jogadores tiveram problemas comigo, mas no final resolveu-se tudo. Havia um jogador, cujo nome não direi, que, quando falava comigo, punha uma toalha na cara para não me ouvir. Foi no início da sua carreira. Um dia, disse-lhe: ‘Não podemos continuar assim’. Há jogadores que, quando os deixas no banco, custa-lhes cumprimentar-te de manhã. Aí, confundem a pessoa com o jogador”, apontou.
Contratualizado ao Real Madrid até 2026, Ancelotti voltou a reiterar que o seu futuro está nas mãos do presidente Florentino Pérez. Ao mesmo tempo, criticou os ataques racistas de que Vinícius Júnior já foi alvo na LaLiga e defendeu a qualidade de Kylian Mbappé, falando num “talento especial”.
“Vinícius sofre muitos ataques racistas, mas não é o único. Também já aconteceu a Nico Williams [extremo do Athletic Bilbau] e há que dar muitos passos à frente. Que eles sejam bons jogadores pode ser uma desculpa para os atacar, mas isso não pode acontecer”, vincou, prosseguindo: “Mbappé não chegou a este nível por treinar desde o primeiro dia da sua vida, mas sim porque a Mãe Natureza lhe deu um talento especial. Ele soube geri-lo com compromisso e sacrifício e os jovens devem utilizar o desporto para aprender, é uma escola da vida”.
Ancelotti atribuiu ainda o sucesso do Real Madrid ao facto de o clube se ter sabido “adaptar ao futebol moderno”, refletindo sobre a forma como treinar se tornou “mais complicado” nos últimos anos.
“Agora, é muito mais complicado do que antes. Antes, eu só tinha um papel em que punha: linha defensiva, quem marcava os cantos, quem marcava os penáltis, quem rematava de cabeça, as marcações em bolas defensivas paradas... e já estava. Agora há clipes onde se mostra a posição dos jogadores nas bolas paradas, tanto na defesa como no ataque. Se tiras um jogador e metes outro, tens de lhe dizer: ‘Olha, tens de ocupar esta posição’”, detalhou.
A finalizar, Ancelotti, de 65 anos, explicou o porquê de ter o hábito de mascar pastilhas durante os jogos, admitindo que é algo que o ajuda a baixar os níveis de stress: “Alguns criticam-me por isso, mas quando começa o jogo, as minhas pulsações estão a 120. Agora, por exemplo, estão a 63. Talvez a pastilha me ajude”.