Depois dos Jogos Olímpicos, que terminaram no dia 21 com uma medalha arrecadada por Portugal, bronze por Telma Monteiro no judo, agora é a vez de os atletas com deficiência - física e/ou cerebral - mostrarem do que são capazes e deixarem ao mundo o seu legado inspirador de superação de dificuldades. Portugal vai lá estar com 37 atletas
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Na próxima quarta-feira arranca a 15.ª edição dos Jogos Paralímpicos, Rio"2016, em que Portugal vai marcar presença com 37 atletas, entre os quais medalhados, campeões mundiais e europeus, quatro anos depois de ter conseguido em Londres a prestação menos rentável do seu historial de 88 medalhas, com três subidas ao pódio e 16 diplomas. Serão, ao todo, cerca de 4500 os atletas (nos Jogos Olímpicos, foram mais de 11 mil), oriundos de 176 nações em 23 diferentes modalidades, duas das quais - a canoagem e o triatlo - pela primeira vez.
Portugal vai apresentar, nos Jogos Paralímpicos Rio"2016, a terceira maior comitiva de sempre, depois de Sydney"2000 e Atenas"2004, com 17 estreantes entre os 27 atletas que vão competir em sete modalidades.
Com 88 medalhas conquistadas nas 14 participações anteriores, Portugal vai estar representado no Rio de Janeiro, entre 7 e 18 de setembro, nas modalidades de atletismo, boccia, ciclismo, hipismo e natação, estreando-se nos torneios de judo e tiro.
Há quatro anos, em Londres, com uma comitiva de 30 atletas, Portugal teve a participação mais pobre de sempre, com a conquista de duas medalhas de bronze e uma de prata, nas modalidades de atletismo e boccia.
O chefe da missão portuguesa aos Jogos Paralímpicos Rio"2016, Rui Oliveira, defende que a profissionalização dos atletas é o caminho para a obtenção de resultados de excelência
Em Pequim, em 2008, com uma comitiva de 35 atletas, que concorreram em sete modalidades, Portugal arrecadou sete medalhas, menos cinco do que as conquistadas em Atenas"2004, quando a representação lusa foi assegurada por 41 desportistas.
Os destaques portugueses
Após uma redistribuição de quotas, motivada pela exclusão da Rússia devido a problemas de doping, o atletismo foi a modalidade que mais ganhou, com o número de representantes a aumentar de dez para 17. Com a inclusão destes sete atletas, o atletismo aumentou em dois o número de representantes em relação a Londres"2012, numa lista na qual figuram Lenine Cunha, medalha de bronze no salto em comprimento há quatro anos, e Luís Gonçalves, atual campeão mundial dos 400 metros T12 (deficiência visual).
Numa seleção com nove estreantes em Jogos Paralímpicos, Portugal vai estar representado por vários desportistas, que em junho conquistaram um total de 12 medalhas nos Europeus de Atletismo, entre as quais Carolina Duarte, medalha de ouro nos 100 metros T13 (deficiência visual).
No boccia, Portugal subiu de nove para dez representantes em relação a Londres, num grupo no qual figuram dois dos três atletas que conseguiram medalhas em Londres: Armando Costa e José Carlos Macedo; Luís Silva, o outro medalhado em Londres"2012, lesionou-se e foi substituído por Mário Peixoto.
Na natação, Portugal aumentou de quatro para cinco representantes em relação a Londres"2012, sendo David Carreira o único estreante. Entre os cinco nadadores figuram David Grachat, que em maio conquistou duas medalhas de bronze nos Europeus IPC, realizados no Funchal, e Joana Calado, que regressa aos Paralímpicos depois de ter estado ausente de Londres"2012 e de há oito anos ter sido a benjamim da delegação em Pequim, com apenas 16 anos.
No ciclismo, Portugal vai estar representado por Luís Costa, líder do ranking mundial da sua classe H5 (atletas com tetraplegia, paraplegia ou outro tipo de deficiência que afete os membros inferiores), e Telmo Pinão, enquanto Ana Mota Veiga será a cavaleira lusa nas competições equestres.
Profissionalizar atletas é o caminho
O chefe da missão portuguesa aos Jogos Paralímpicos Rio"2016, Rui Oliveira, defende que a profissionalização dos atletas é o caminho para a obtenção de resultados de excelência numa competição cada vez mais forte e exigente. "Para falar em resultados, temos de ter em conta o aumento do número de atletas, o aumento do número de países participantes e a fortíssima aposta que é feita por muitos comités nacionais, nos quais os atletas não têm, como os nossos, impedimentos que surgem por via da sua situação profissional", disse Rui Oliveira à agência Lusa.
O chefe da missão lusa aos Jogos Rio"2016, que terminam a 18 de setembro, defende que a profissionalização "é o caminho para os atletas portugueses poderem participar em igualdade de circunstâncias".
O objetivo no Brasil é, segundo Rui Oliveira, "no mínimo igualar as três medalhas conseguidas há quatro anos em Londres", sendo o boccia e o atletismo as modalidades em que Portugal tem mais fortes competidores.
Em 2012, no boccia, Armando Costa, José Macedo e Luís Silva conseguiram a medalha de prata na competição de pares BC3; José Macedo alcançou o bronze na prova individual da mesma categoria; e Lenine Cunha foi medalha de bronze na prova de salto em comprimento F20 (deficiência intelectual). "Os melhores objetivos em termos de classificação seriam ficarmos com resultados como tivemos em Londres, apesar da fortíssima concorrência, que aumenta significativamente por via da profissionalização dos atletas", afirma.