A vontade da FIFA de limitar a um máximo de dez por cento as comissões pagas aos agentes por transferências de jogadores e três por cento sobre o salário destes levou os intermediários a unirem-se numa associação
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Mais de 200 agentes de futebolistas de todo o mundo, incluindo Mino Raiola, Jorge Mendes, Jonathan Barnett e David Manasseh, estiveram reunidos em Londres na manhã de ontem para criar a AFA, Association of Football Agents (Associação de Agentes de Futebol).
Foi uma reunião considerada histórica, pela mobilização que gerou, pelos nomes que se reuniram e porque foi precedida até de um jantar no restaurante Ciprianis, agora denominado C London, em que estiveram Mendes e o seu n.º 2, Valdir; Artur Fernandes, um português com uma posição cimeira no Stellar Group (CEO internacional); Raiola; Barnett; Roger Wittmann, da Rogon (a maior agência alemã); e outros grandes nomes da indústria, uma das mais recentes e florescentes na Europa.
Jorge Mendes foi uma das presenças destacadas na reunião onde foi criada a Associação Mundial de Agentes
A ideia de criar a AFA, pelo que O JOGO apurou, tem vindo a ser desenvolvida nos últimos meses em segredo e culminou nesta reunião.
A constituição da AFA decorreu numa reunião que teve lugar nas instalações do The Hive, um pequeno estádio na capital britânica. O que a AFA pretende é tratar dos problemas que afetam os agentes, até porque a FIFA quer limitar ao máximo de dez por cento as comissões pagas pelas transferências. Outros problemas são a formação, resolução de litígios que frequentemente acontecem, e as garantias de cumprimento das obrigações dos clubes e dos jogadores em relação aos agentes e outros.
Além de um teto de dez por cento sobre o valor da transferência, a FIFA quer impor um limite de três por cento sobre o salário do jogador tanto para o seu agente como para os do clube comprador, já a partir da próxima época. Responsáveis da AFA insurgiram-se contra as ideias da FIFA.
Jonathan Barnett, fundador do Stellar Group, disse: Tentaremos resolver o problema até ao último minuto, mas, se for necessário, iremos a todos os tribunais do mundo." Mel Stein, outro dos presentes na reunião, sublinhou a ausência de limites nos vencimentos de jogadores, treinadores ou dirigentes. "Então porque deve haver regras para os agentes?", questionou. E comparou o futebol ao cinema: "Quando o Tom Cruise ganha dez milhões de dólares por um filme, ninguém põe limites à comissão do agente dele. Não faz sentido."