Aconteceu há 30 anos: Brasil regressou do Mundial'1994 no "voo da muamba", cheio de eletrodomésticos
Avião saiu com três toneladas e voltou com excesso de peso, com 15 toneladas. Branco, ex-FC Porto, voltou com uma máquina de lavar e um frigorífico. Foi há 30 anos e gerou demissões no governo
Corpo do artigo
A 19 de julho de 1994, faz esta sexta-feira 30 anos, o Brasil regressou do Mundial'1994 nos Estados Unidos com o tetra e com muito mais na bagagem, recorda o Globoesporte em longa reportagem.
O avião da seleção que deixou o Brasil com três toneladas, chegou com 15. Chamaram-lhe o "voo da muamba", uma expressão brasileira para contrabando. O caso fez manchetes nos jornais e levou mesmo a demissões no governo, nomeadamente do secretário da Receita Federal.
A comitiva brasileira aproveitou a ida aos Estados Unidos para comprar eletrodomésticos - sem os declarar no regresso - e Branco, por exemplo, jogador que passou pelo FC Porto, regressou a casa com um frigorífico, um forno, uma máquina de lavar, uma máquina de fazer exercício, um tapete de correr e duas televisões. Depois, houve quem tenha acusado Branco de ingénuo, ao apontar o seu nome nos pacotes das compras, quando outros meteram números. Zinho acabou por receber em casa, dias depois, a visita da Polícia Federal para examinarem as caixas com as compras. A CBF, anos mais tarde, foi acusada de evasão fiscal.
O caso rebentou pela demora na alfândega, quando o povo esperava nas ruas do Rio de Janeiro para comemorar com a seleção. Romário, irritado com os fiscalizadores, atirou-lhes a medalha.
O Brasil teve mesmo de fretar um segundo avião, para familiares, convidados e o resto dos pertences, ou seja, das compras.
"Ninguém aqui é contrabandista. Se foi liberado, foi bem liberado. Toda regra tem exceção", atirou na altura Zagallo, coordenador da seleção.
A pressão popular e também de altos mandos do Governo levaram à resolução rápida da situação, contra as regras de importações vigentes na altura.
"O presidente Itamar foi quem determinou que a lei não fosse cumprida. Queria prestigiar os vencedores. Acho que o caminho dele foi equivocado. Desse equívoco, entre o servidor público e o presidente da república, se retira o servidor público", disse na altura Osiris Lopes Filho, auditor da Receita Real do Brasil.