A análise de Dolores Silva: "Foi o Mundial da revolução no futebol feminino"
Jogadora do Atlético de Madrid falou com o nosso jornal sobre o evento que decorreu em França e não só
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Internacional portuguesa e jogadora do Atlético de Madrid, Dolores Silva fez um balanço do Mundial feminino que terminou este domingo com o triunfo dos Estados Unidos. Para a médio lusa, a formação norte-americana, que defrontou Portugal na fase de preparação, demonstrou mais uma vez todo o seu poderio. Dolores Leia as ideias-chave da jogadora portuguesa, em conversa com O JOGO.
Tetra dos Estados Unidos: "Acho que voltaram a demonstrar o grande poderio mundial que têm. São campeãs pela quarta vez, a segunda consecutiva e este Mundial não fugiu à regra do que têm vindo a fazer. Foram novamente muito fortes e foram justas vencedoras".
Na fase de preparação, Portugal perdeu com os Estados Unidos por 1-0, mas houve elogios: "Tivemos o privilégio de jogar com algumas seleções presentes no Mundial. Com os Estados Unidos perdemos por 1-0, mas ficámos muito contentes com o que produzimos em campo. No final felicitaram-nos pelo nosso jogo e disseram que estávamos a crescer cada vez mais. Isso deixa-nos muito contentes porque são palavras vindas de referências. Também na Algarve Cup vencemos a Suécia, terceira classificada. Mostra que temos crescido, mas ainda falta muito caminho. Oxalá um dia possamos jogar um Mundial".
Um Mundial para a história: "Considero que foi um Mundial da revolução no futebol feminino e já pensava que iria dar um impulso maior à modalidade com recordes de assistências nos estádios e na TV, o que é fantástico. É um clique muito bom".
Mensagens de várias atletas no sentido de haver igualdade entre feminino e masculino: "Serviu para alertas para as diferenças. As jogadoras de renome como a Marta, ou a Rapinoe que foi a melhor jogadora do torneio, foram muito inteligentes a usar sua imagem para proteger e lutar pelos nossos direitos. É muito importante e oxalá mais jogadoras de referência o possam fazer. Precisamos de lutar todas juntas para que haja mais igualdade. É surreal comparar com o masculino, mas colocar-nos num patamar que permita ver que estamos a ser mais valorizadas. Elas tiveram um papel muito importante".
Proposta da FIFA para duplicar prémios: "Tem de haver pequenos passos para se mudarem mentalidades. A aposta dos sponsors está a ser maior, porque olham para nós e veem que há visibilidade. É bom para a mulher no desporto".
Entrada do Real Madrid no futebol feminino: "É um grande a nível mundial, com uma história fantástica e poder ter um clube com esta história no feminino vai dar muito mais mediatismo. Em Portugal é igual com Braga, Benfica e Sporting. Falta o FC Porto. Sem dúvida que o surgimento dos clubes profissionais é fantástico para as jogadoras. Dá-nos a possibilidade de usufruir de condições espetaculares para trabalhar e que o reconhecimento seja feito da forma que deve ser. A mulher merece. É o tipo de jogos que todas queremos jogar e enriquece a liga em si. Traz mais competitividade".
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