Declarações de André Villas-Boas, presidente do FC Porto, no podcast "Men in Blazers", a partir dos Estados Unidos
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Mundial de Clubes, o que espera: “Esta é uma altura difícil para os clubes europeus, há clubes que têm uma vantagem por estarem no início da época, mais ou menos à 15.ª jornada, os clubes brasileiros e argentinos por exemplo. Estão frescos e claro que vêm de meios diferentes, mas encontraram recentemente uma estrutura e têm muito talento à disposição. O Palmeiras investiu muito esta época e penso que vai ser um grande jogo contra uma grande equipa. Isto chega numa má altura para os clubes europeus, alguns de nós tivemos de dar férias aos jogadores e ir buscá-los mais cedo, sem que tivessem tempo para fazer um ‘reset’. É quase uma continuação da última época e a próxima vem aí, então não houve esse ‘reset’. Testámos recentemente o mercado com a janela especial para o Mundial e foi incrível ver que muitos jogadores não queriam estar nesta competição, porque preferiam descansar para retomarem a competição frescos. É espantoso porque a FIFPro exige mais descanso aos jogadores e com o Mundial [de seleções de 2026] a chegar na América na próxima época, com mais equipas... O calendário está a tornar-se exaustivo e temos mais lesões a acontecer. Os jogadores não podem contribuir para o espetáculo se não estão frescos”.
Objetivo do FC Porto no Mundial de Clubes: “Acho que temos uma responsabilidade para com os nossos adeptos de vencer, passar a fase de grupos e nos oitavos podemos calhar com duas equipas importantes, PSG e Atlético de Madrid, e isso aumenta o nível da competição. Queremos estar bem e deixar uma marca para os adeptos emigrantes do Porto e também criar uma base de amor para o FC Porto, por isso é que estamos a fazer estas atividade com a formação, para ter potencialmente novos fãs”.
O FC Porto contribuiu muito para o futebol mundial. Quando vê um ex-jogador do clube a singrar num grande palco europeu, o que sente? “Tentamos incutir isso, para nós um regresso a casa de um ex-jogador do FC Porto é muito forte emocionalmente para os adeptos e tentamos sempre estar em contacto com eles, por exemplo com jogadores como Diogo Jota, Rúben Neves ou Vitinha, que ganharam a Liga das Nações e a Champions, e tentamos manter essa ligação. O FC Porto tem valores intrínsecos e tentamos reduzir a distância para os ex-jogadores. Temos muito orgulho nos seus sucessos e esperamos sempre tê-los de volta no clube”.
Identidade do Estádio do Dragão e valores do FC Porto: “O FC Porto significa a luta contra os poderes instalados, sempre foi essa a história da cidade e do clube. Algumas pessoas falam como se fosse uma espécie de ‘síndrome de segunda cidade’, mas não vemos assim, vemos valores como o orgulho pelas nossas raízes. Isso são coisas que são passadas de geração para geração, de avós que levam os netos ao estádio, e isso é algo que se sente muito fortemente na cidade e que tentamos incutir. Somos um clube de sócios, eles são donos do clube, e isso dá-nos uma vantagem competitiva emocional muito forte. Quando pertences a alguém que não sabe os valores do clube e só o usa para fazer dinheiro, é alguém muito orientado para negócios, mas nunca vai perceber os valores do clube e isso para nos é uma vantagem”.