Keizer acelera a integração do reforço no seu posto favorito, no eixo ofensivo, numa ótica de longo prazo. Porém, o capitão ainda não saiu e o leão está a perder com a troca
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Vietto é uma aposta forte da SAD do Sporting (o presidente Frederico Varandas classificou de "sonho" ter conseguido contratar o argentino) e Marcel Keizer tem correspondido a essa tentativa de valorização e afirmação do atacante.
"É mais natural para Vietto ser o jogador de ligação ao avançado, pelo meio. Sendo mais natural, traz um problema para Bruno Fernandes"
Conciliar Vietto com Bruno Fernandes é que já implica alterações posicionais com impacto no futebol praticado pela equipa. O treinador holandês desviou para a ala esquerda o jogador mais influente da equipa, o capitão, para abrir espaço ao reforço no corredor central.
No entanto, como o analista e treinador Daúto Faquirá comentou a O JOGO, a equipa fica a perder com a troca e, com um título em discussão na próxima partida, logo contra o rival Benfica, é altura de deixar de pensar no futuro e pensar no presente, aproveitando o facto de Bruno Fernandes não ter sido ainda vendido.
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"Numa primeira fase, Marcel Keizer colocou Vietto à esquerda e Bruno Fernandes no meio, e depois optou por trocar. É mais natural para Vietto ser o jogador de ligação ao avançado, pelo meio. Sendo mais natural, traz um problema para Bruno Fernandes, que, mesmo a jogar pela esquerda, procura mais o meio e pode descompensar a equipa defensivamente", começou por salientar Daúto Faquirá, que depois exaltou o grande peso do camisola oito a jogar pelo meio, que se desvanece na organização do futebol ofensivo da equipa quando é desviado para o flanco, apesar de continuar a mostrar eficácia na finalização.
"Colocando os pratos na balança, vendo o rendimento de cada um nas duas posições, com esta combinação o Sporting fica a perder. Parece-me que na cabeça de Marcel Keizer está a perspetiva de saída de Bruno Fernandes e a preparação do futuro sem ele, mas com Vietto. Com uma dupla Vietto-Dost, como contra o Valência, perde-se disponibilidade defensiva", disse.
Bruno Fernandes esteve diretamente em sete golos da pré-época, Vietto em zero
Em cinco jogos de pré-temporada o Sporting não ganhou nenhum, mas Bruno destacou-se na mesma: em oito golos dos leões, marcou quatro, assistiu em três e iniciou a jogada do que resta. Já Vietto, não marcou, nem assistiu e foi notória a falta de coordenação com os colegas.
Ora, a dias da Supertaça contra o Benfica (o encontro é já no domingo, no Algarve), Faquirá defende que se tem de pensar no imediato e não a longo prazo, prevalecendo o melhor para a equipa, que é voltar a usar Bruno como o motor: "Tenho dúvidas de que Keizer coloque Bruno Fernandes na esquerda contra o Benfica. Com Acuña de volta, imagino que jogará com Acuña-Bruno Fernandes-Raphinha atrás do avançado. Uma equipa mais ao encontro da do ano passado, também porque Vietto tem sido uma incógnita. Estou a pensar no próximo jogo e não a longo prazo."
À espera de dar o "clique"
Já passaram quatro temporadas desde que, em 2014/15, Vietto marcou 20 golos pelo Villarreal e chamou a atenção do Atlético de Madrid. Desde então tem acumulado desilusões e o aspeto anímico estará afetado, pelo que pode ser necessário um momento positivo, motivador, e que sirva de viragem na carreira.
"Os aspetos mentais e motivacionais estão a falhar. Tem um bloqueio, pode ser que precise de um catalisador. Faz-me lembrar o Óliver, que prometia muito, depois teve um ocaso e reapareceu na última época. Prometeu e gerou expectativas altas, como Vietto. Se já o mostrou, tem de ter esse futebol dentro dele", explicou Daúto Faquirá.
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A ver Vietto à distância pelos verdes e brancos, o ex-colega do argentino no Sevilha, Nicolás Pareja, falou da adaptação: "A sua principal virtude é o um contra um no último terço do campo; acrescenta desequilíbrio. A portuguesa é uma boa liga para ele. Sente-se confortável como avançado, porque resolve facilmente com um toque ou um movimento, gerando situações de golo. Espero que encontre a sua melhor versão no Sporting. O processo de adaptação leva sempre algum tempo. Vietto é introvertido."