Manuel Fernandes, que integrava o departamento de scouting do Sporting à data da invasão à Academia, é ouvido em tribunal.
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Manuel Fernandes compareceu na oitava sessão do julgamento do processo do ataque à Academia do Sporting, na qualidade de testemunha, e, perante a juíza Sílvia Pires, relatou o que viu no dia da invasão ao centro de treinos leonino.
"Estava no meu gabinete com dois colegas. Sentimos um grande alarido. Senti o estrondo da porta de entrada a partir. Um grande barulho e vozes a falar muito alto. Era eu o José Laranjeira e o Pedro Brandão", começou por referir o ex-jogador no Tribunal de Monsanto.
"Uma pessoa mascarada disse-me: desvia-te, Manuel, que isto não é contigo", contou Manuel Fernandes, que prossegue: "Fui ao balneário ver o que se estava a passar. Ninguém veio atrás de mim. Vi Bas Dost com sangue na cabeça, deitado no chão, com uma pessoa a agarrá-lo. À entrada do balneário. Estava a chorar. No balneário vi muito fumo, fumo verde. Vi os adeptos dentro do balneário e pelo corredor. No balneário eram quatro ou cinco a falar, a gritar. Inclusivamente disse-lhes para terem calma. Não vi quem agrediu Bas Dost. Já estava agredido", acrescentou Manuel Fernandes, que integrava o departamento de scouting do Sporting à data dos acontecimentos.
A velha glória do futebol leonino recordou ainda a conversa entre os adeptos e os jogadores: "Também vi o William a falar com eles. Não sei se ele conhecia ou não o rapaz que estava a falar com ele. Aí senti diálogo. Não me lembro de insultos. Lembro me de falarem alto, dizerem que era uma vergonha. Não direi para intimidar mas desgostosos com o que se passou. Pedi a Jesus autorização para ir para casa, que não me estava a sentir bem. Qual é o meu espanto quando os vejo a entrar na GNR. (...) Não foi uma simples conversa. Foi muito feio. O rapaz que me disse para sair da frente vinha com um cinto na mão. Era comprido. Não reparei se havia mais. Tirando os gritos e a intimidação verbal, não vi agressões. Falar alto para mim é uma ameaça. É aquilo que as claques fazem no futebol. Estavam descontentes. O Misic também teve um problema. Ele nunca fez mal a ninguém. Nem era titular e não merecia. Eu não falei com o Misic. Só o vi. Segundo me disseram só teve uma ferida. Não vi mais ninguém agredido para além dele e Bas Dost", rematou Manuel Fernandes, perante a insistência do Ministério Público na obtenção de pormenores.