"Vasco Sousa tem margem de progressão para ser uma referência. É um relógio, não pára"
Ricardo Malafaia, treinador que “acolheu” Vasco Sousa nos sub-17 do FC Porto, acredita que a Supertaça foi o ponto de partida para algo maior
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Chamado para a pré-época pelo terceiro ano consecutivo, Vasco Sousa precisou apenas de 45 minutos na Supertaça para reforçar as opiniões de quem há muito sustentava que a equipa B já era um espaço demasiado redutor para as capacidades que apresenta. Lançado ainda no tempo regulamentar, o médio exibiu a faceta abnegada que sempre o caracterizou e que levou a que seja conhecido como “pitbull” entre os companheiros.
Vasquinho, recorde-se, ainda esteve na génese da jogada que resultaria no golo da vitória. Uma entrada com benefícios tremendos para o coletivo e, segundo Ricardo Malafaia, também individuais. “Isto só lhe vai dar mais força e ajudá-lo a perceber que tudo o que ele andou a fazer valeu a pena”, refere a O JOGO o treinador que o acolheu nos sub-17 dos dragões, oriundo do V. Guimarães, em 2018/19, quando não passava de um miúdo com muitos sonhos e um conjunto de características que tem vindo a polir com o tempo.
Médio chegou com vontade de “beber conhecimento”. O timing de soltar a bola e os apoios foram duas das características que tiveram de ser aperfeiçoadas. “Mas já tinha um scanner. Falta o golo”, nota.
“A única preocupação que tivemos na altura foi meter mais qualidade nas ações dele, porque já era muito inteligente, robusto e sabia utilizar muito bem o corpo. Ele já tinha um ‘scanner’, jogava sempre de cabeça levantada, mas era mais aquele médio parede. Precisava de aperfeiçoar os apoios para jogar para a frente e o timing para soltar a bola, porque era mais de transporte”, recorda.
O desafio foi abraçado sem nenhum “mas” por Vasco Sousa, cujo perfil casa bem com a ideologia que Vítor Bruno tem transmitido ao grupo. “É um miúdo que adora treinar”, afiança Malafaia. “Gosta de saber o objetivo dos exercícios, quer aprender, quer beber conhecimento… Ele não é dos que apenas vai ao treino. Ele vai mesmo treinar”, descreve o técnico, convencido que o desempenho em Aveiro foi o ponto de partida para algo maior. “Está no caminho certo. Ainda poderá precisar de mais algum tempo para se fixar, mas tem muita margem de progressão para ser uma referência, porque é um relógio, não pára”, compara.
“O Vasco não se amedronta e vai à luta. Há muito que esperava por esta oportunidade e acredito que daqui para a frente vai ter mais”
Para chegar a esse patamar, Malafaia considera que Vasco Sousa tem de afinar uma característica cada vez mais exigida aos médios. “Tem de ter mais golo”, aponta o treinador, que deixou esta época a formação dos azuis e brancos. “Ele tem boas chegadas, mas ainda lhe falta ter um pouco mais de golo. No ano passado fez três e, se melhorar nesse aspeto, vai mostrar que é um jogador a ter em conta”, explica, até porque assegura que o internacional sub-21 “não tem problemas em assumir o risco”. “Gosta de ter bola, joga bem entre linhas e com a cabeça levantada. Não se amedronta e vai à luta. Há muito que esperava por esta oportunidade e acredito que daqui para a frente vai ter mais”, completa.
Administração reforçou percentagem do passe
A confiança do FC Porto no desenvolvimento de Vasco Sousa não se limitou à renovação de contrato até 2027 e à fixação de uma cláusula de rescisão de 50 M€. A administração liderada por André Villas-Boas também reforçou a posição no que diz respeito aos direitos económicos, tendo comprado mais 10% ao V. Guimarães por uma verba não revelada.
Os azuis e brancos possuem agora 60% e, segundo informações recolhidas por O JOGO, nesta fase não está em cima da mesa a possibilidade de aumentar essa percentagem. Vasco, recorde-se, chegou ao clube com 16 anos, numa época em que os vimaranenses venderam cinco jogadores da formação para os grandes - só o médio acabou no Dragão - e ficaram com 50% dos respetivos passes.