Vice-presidente para a área financeira admitiu mudanças profundas no mercado de transferências. Homem forte das finanças do emblema leonino participou no painel "Construir clubes sustentáveis: o futuro das finanças no futebol", inserido no Portugal Football Summit
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Salgado Zenha, vice-presidente do Sporting para a área financeira, participou esta sexta-feira no painel "Construir clubes sustentáveis: o futuro das finanças no futebol", inserido no Portugal Football Summit. O dirigente dos leões, acompanhado por Nuno Catarino (CFO do Benfica) e José Pedro Pereira da Costa (CFO do FC Porto), confessou que o último mercado foi difícil.
"Se forem ver o que aconteceu neste mercado de verão, foi muito difícil contratar jogadores. Estivemos a resistir para vender e tivemos dificuldades em contratar. É um sinal de que o mercado europeu e os clubes lá fora já estão a entrar nesse patamar em que não precisam de vender também. Então a contratação vai tornar-se cada vez mais difícil", sublinhou o dirigente, realçando, ao mesmo tempo, que os clubes europeus estão agora mais blindados e menos expostos ao "ataque" dos tubarões.
"A situação financeira dos clubes europeus está cada vez mais robusta. Ou, nós em Portugal, caminhamos nessa linha de robustez ou vamos ter mais dificuldade em acompanhar os nossos concorrentes lá fora", reagiu, destacando um temas mais delicados da atualidade do futebol português, os direitos televisivos."Temos de pensar na centralização de direitos e fazê-la de forma eficiente. Temos de pensar que quando a fizermos, sim, temos de ser solidários, mas cuidado, porque se baixarmos todos o nível e os três grandes baixarem o nível, não vamos ganhar pontos nas competições europeias, não vamos estar lá e estaremos na Conference League. Teremos muito cuidado para neste bolo fazer uma distribuição eficiente. Associado a este bolo, o controlo financeiro. É absolutamente crítico para dar credibilidade lá para fora".Salgado Zenha admitiu que o Programa Regressar que permitiu ao Benfica fazer regressar a Portugal Di María e Otamendi deveria ter continuidade.
"As pessoas dizem muito que os "três grandes pagaram centenas de milhões em jogadores', mas quanto é que paga uma indústria de calçado para comprar matéria-prima? Também tem de comprar. E isto é verdade também para o tema dos custos, da carga fiscal e da forma como se trata o futebol. O caso do Di María, pôs-se um limite ao Programa Regressar, mas qual é o mal? O jogador de futebol pode tirar partido disso, mas está cá 365 dias por ano, tem filhos na escola, tem uma casa, está a consumir aqui. Sempre que haja um incentivo fiscal genérico e que se insere positivamente no futebol, arranja-se logo uma forma de tirar o futebol da equação e acho muito injusto", atirou Zenha.
"Não é por acaso que somos a 20.ª ou 21.ª economia europeia"
O dirigente do Sporting lembrou ainda que os três grandes partilham as mesmas ideias em relação a vários temas a nível financeiro e que o trabalho realizado em Portugal pelos clubes merece destaque."Se virem a balança comercial da transferência de jogadores, já toda a gente sabe que Portugal vende muito bem, gere muito bem, desenvolve bem jogadores, contrata e sabe vender. Não é por acaso que somos a 20.ª ou 21.ª economia europeia e nos últimos anos sempre a lutar pelo 6.º lugar", reagiu, continuando: "O que não podemos perder o comboio é que o futebol está, e com o contributo de investimento privado, sobretudo de americanos, a ir para o próximo passo. Não é só indústria de futebol, mas também de entretenimento. Se já gerimos bem o lado do desporto, temos de gerir bem o lado do entretenimento."