Um sonho em São Martinho de Sande e um espelho em Paris: "É uma mais-valia ter o Vitinha por perto"
David Castro brilhou em Os Sandinenses e tem convites para progredir. De goleador na formação passou a lateral, guiado pelo pai e por um dos melhores médios do mundo: Vitinha
Corpo do artigo
David Castro foi revelação no Campeonato de Portugal (CdP), fazendo 26 jogos pelo Os Sandinenses, comemorando com o conjunto de Guimarães a permanência no escalão, após goleada ao Montalegre. O jovem lateral, de 20 anos, procura traçar o seu caminho e foi já alvo de várias observações das divisões acima, devendo dar o salto.
Revelação no CdP, David Castro é um privilegiado e um sonhador, beneficiando da estreita proximidade a um craque e tendo o desejo de subir ao mais alto patamar e de terminar Biologia e Geologia.
Com carreira sempre feita em redor de Guimarães, entre Brito, Moreirense, Vizela, Pevidém e, agora, Os Sandinenses, o defesa tem a particularidade de beber tudo do futebol a partir de uma amizade forte com um craque invejável, sendo íntimo de Vitinha, o novo príncipe em Paris, já que os pais Paulo Filipe, de David, e Vítor Manuel, de Vitinha, se tornaram inseparáveis quando se conheceram no balneário do Varzim. O final do CdP faz fervilhar mil pensamentos sobre o futuro. “Fui muito bem acolhido, após já ter sido sénior no Pevidém. Encontrei ótimas condições e pessoas incríveis. Foi uma época de afirmação, joguei sempre com regularidade num campeonato muito competitivo. Foi tudo ótimo, fizemos uma prova exemplar à custa da união dentro e fora do campo”, revela David .“Celebrar a manutenção com uma goleada ao Montalegre foi a cereja no topo do bolo”, acrescenta o lateral, pronto para tudo.
“Desejo chegar o mais longe, isso é o patamar principal do futebol nacional”
“Tenho o desejo de chegar o mais longe possível, na minha mente isso é o patamar mais alto do futebol nacional. Recebi um feedback muito positivo do que fiz, tenho noção das boas exibições e quero continuar a evoluir. Não me pode faltar persistência para chegar onde quero. Seja aqui ou noutro lado, é para dar o melhor!”, garante David Castro, também em trajeto académico. “Escolhi clubes com proximidade a Guimarães para estar perto da família e conciliar os estudos. Mantenho mais foco no futebol, mas sabemos que é algo muito incerto, sem perder o plano B, por isso estou no segundo ano da Faculdade a cursar Geologia e Biologia”, observa, já cómodo numa posição que foi do pai, antigo jogador do Aves e do Varzim e que também atuou em Os Sandinenses, em 1997/98.
“A adaptação a lateral foi progressiva mas fácil, porque o meu pai, tendo feito parte do mundo do futebol nesse mesmo posto, passa muitas dicas e sinaliza aspetos a melhorar”, partilha, decompondo a sua imagem no campo. “Considero-me um jogador inteligente, bom tecnicamente, rápido, que gosta de fazer o corredor, equilibrado nas capacidades defensivas e ofensivas”, diz, notando que mete afinco “em sacar o melhor de todos, nacional e internacionalmente” que vê como referências no seu lugar.
“É mais-valia ter o Vitinha por perto, percebo como funciona um atleta de calibre mundial”
Mas neste plano, de quem guia ou inspira, David não precisa de procurar muito, sendo bafejado por uma proximidade a Vitinha, o craque que saudades deixou no FC Porto e que encanta o Parque dos Príncipes, em Paris. “É muito bom ver o que alcançou sendo sempre o mesmo, humilde e trabalhador. Tenho essa sorte, essa mais-valia de ver perto como funcionam jogadores de calibre mundial, olhando aos pormenores dos quais nunca temos perfeita noção, ao nível das exigências e sacrifícios”, conta o lateral de Os Sandinenses, tocando no ponto de contacto com o médio do Paris Saint-Germain.
“Somos muito amigos, até se pode dizer praticamente primos, já que quando ele era mais novo chamava tio Paulo ao meu pai. Estamos muitas vezes todos juntos e com muita bola para nos animar o convívio”, documenta, alegre com as confidências. “Fazemos o meiinho e o meu pai é o rei no meio. São uns toques, umas brincadeiras, e o Vitinha não gosta nada de perder. Também se fazem uns joguinhos na Playstation, ganhava um, ganhava outro, mas penso que, agora, lhe ganho eu”, graceja David Castro, recordando o feitiço de ver o amigo jogar. “Tinha coisas muito diferentes de outros, muita inteligência e maturidade dentro do campo. Além da técnica, era um prazer vê-lo jogar. Eu ficava radiante sempre que o meu pai dizia que o íamos ver jogar, nos sub-15 e sub-17”, recupera o lateral vimaranense.