Tiago Teixeira explica insucesso no Sporting e diz ter ficado surpreendido com o timing da saída
Tiago Teixeira, que foi adjunto de João Pereira no Sporting, deu uma entrevista à rádio TSF
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O que é que correu mal no Sporting? "Eu acho que foi uma sucessão de fatores. Uma equipa que vinha de um percurso fabuloso. Na altura em que chegámos à equipa A treinámos praticamente com a equipa B, porque apenas 10 jogadores estavam disponíveis, a contar já com o guarda-redes. Foi um início um pouco atribulado. Entrámos na paragem das seleções, muitos jogadores fora. À medida que os jogadores foram chegando das seleções e já com algumas lesões, entrámos numa sequência de jogos de 3 em 3 dias, 4 em 4 dias e foi bastante complicado."
Primeira interação com os principais jogadores do Sporting. Houve desconfiança? "Não sentimos essa desconfiança. Quando entrámos, o modelo de jogo até era semelhante, as dinâmicas em termos de treino também eram semelhantes. Não existiu nada em que pudesse criar um choque. Apenas o que poderia ter dado mais confiança aos jogadores teriam sido os resultados. Foi isso que não aconteceu. Faltou-nos também um bocadinho de sorte nesse aspeto, para darmos continuidade a tudo o que estávamos a fazer."
Quando perceberam que as coisas não iam correr bem? "Nós estávamos numa sequência de jogos de 3 em 3 dias, 4 em 4 dias. Sinceramente, não estávamos à espera até àquele jogo com o Gil Vicente que as coisas fossem mudar. Sabíamos que era importante até àquele jogo ir ganhando, porque o jogo com o Benfica era o jogo em que nós íamos ter os jogadores completamente recuperados e que íamos iniciar uma semana limpa de treino. Eu acho que só a partir daí é que poderíamos fazer mais alguma coisa. Antes disso era recuperar e jogar, recuperar e jogar. Não podíamos fazer muita coisa e com o elevado número de lesões que tivemos também as coisas tornaram-se mais difíceis."
Surpreendidos pela decisão da Administração do Sporting? "De certa forma fomos surpreendidos porque, como já disse, o próximo jogo seria o único jogo que íamos ter realmente tempo para preparar e que íamos ter todos os jogadores recuperados. Mas lá está, os clubes são empresas e apesar de às vezes não concordarmos com as decisões, temos de respeitar, gerem ativos e se não estão contentes com quem lidera o processo tomam decisões para alterar. É um sentimento de frustração porque achamos que nunca conseguimos fazer nem demonstrar todo o nosso valor. Não tivemos tempo, não tivemos esse tempo de preparação para os jogos."
Quando Rúben Amorim saiu, aceitaram logo treinar a equipa principal? "Sim, estando na equipa B acho que é legítimo sempre ambicionar chegar à equipa A. Talvez não tenha sido o momento, não estávamos à espera que acontecesse naquele momento, possivelmente poderia acontecer no final da época, mas são oportunidades que não podemos deixar passar, não poderíamos dizer que não a esta oportunidade de treinar a equipa principal do Sporting. Claro que quando foi comunicado não houve qualquer hesitação, porque acho que não faria sentido estarmos a recusar o facto de treinar a equipa principal do Sporting."
Hoje tomaria a mesma decisão? "Claro que sim, não só a estrutura da equipa A, mas a equipa técnica com o João desde o primeiro dia. Apesar de na altura olharmos para as coisas e acharmos que está tudo bem, que são as melhores opções, os resultados às vezes condicionam sempre essa análise. Se ganhamos parece que está tudo bem, se não ganhamos alguma coisa está errada. Analisámos bem as coisas, achámos que foi quase tudo bem feito. Às vezes é a bola que bate no poste e entra, outras vezes é a bola que bate no poste e sai. E tivemos jogos que correram bem, criámos bastantes oportunidades e não conseguimos ganhar. E os adversários das poucas vezes que criavam conseguiam marcar golos. Estamos de consciência tranquila e sabemos que tudo fizemos para dignificar o clube, ajudar a conquistar todas as vitórias possíveis e o que não aconteceu."
Foi a oportunidade certa no momento e no contexto errados? "Foi a oportunidade que foi. Acho que não existem timings certos nem errados, agarramos com todo o gosto e com toda a dedicação. Simplesmente não obtivemos os resultados que pretendíamos. Não há volta a dar, não podíamos dizer não. Ficámos na altura muito felizes com essa proposta. Não encontramos o melhor contexto para tentar desenvolver a nossa ideia."