Novo episódio do programa "Ironias do Destino" fez o presidente do FC Porto, Pinto da Costa recuar a 2004, ano da vitória na Liga dos Campeões
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Manter a equipa de 2003: "Quando terminou a época, os nossos jogadores, como é normal, estavam a ser muito requisitados e havia muitas propostas, inclusive o treinador estava a ser assediado. Tive uma conversa com alguns jogadores e fiz-lhes ver que, se mantivéssemos o grupo todo era possível. Até arrisquei e tomei o compromisso com o Deco por exemplo, 'não sais agora, sais para o ano como campeão europeu. Em vez de teres clubes de segundo plano a quereres que vás para lá, vais ter os grandes clubes'. Porque é evidente que um jogador que fosse pedra chave numa equipa que ganha títulos europeus em dois anos seguidos tinha de ser um grande jogador. Fizemos um acordo e tanto treinador como jogadores decidiram manter-se em bloco para então atacarmos a sério a Champions."
Convencer Deco a ficar: "Todos compreenderam que podíamos conseguir algo para muitos era impensável, mas em que nós acreditávamos, era uma força conjunta. Quando falei com o Deco, que tinha vários clubes interessados e queria sair, disse-lhe 'oh Deco tu para o ano como campeão europeu vais ter grandes clubes'. Ele viu a minha convicção e disse 'o presidente está-me a convencer, então vou ficar'. Foi uma pedra fundamental e o que é certo é que foi para o Barcelona e o outro clube que estava na luta era o Bayern, coisa que não teria acontecido se tivessem saído um ano antes. Ele soube esperar e teve uma carreira fantástica."
O valor dos adversários: "As pessoas desvalorizaram um bocado o valor do Mónaco, mas o Mónaco, para chegar à final, teve de eliminar o Real Madrid. Desvalorizaram o Corunha, mas o Corunha só foi à meia-final porque venceu o Milan por 4-1. Portanto tinham grandes equipas, não era os mais sonantes, mas como equipas tinham valor mais do que suficiente para eliminar o Milan e o Real Madrid."
A mensagem antes do jogo: "A equipa jogava de olhos fechados, o treinador tirava rendimento máximo dos jogadores e acreditavam tanto uns nos outros que estávamos convencidos de que íamos ganhar. Antes do jogo falei com a equipa e só disse isto 'uma final não se joga, ganha-se'. E não foi preciso dizer mais nada. O Mourinho até disse que depois disso estava tudo dito e íamos ganhar. Quando a equipa entra no autocarro ia com a convicção de que ia ganhar e ganhou."
Sintonia com José Mourinho: "Falávamos muito. Ele sabia o que eu pensava, ambos queríamos ganhar. O entendimento entre os dois foi sempre facílimo. Foi o arranque internacional de uma carreira fantástica dele, desde Chelsea, Inter, onde também foi campeão europeu, Manchester... teve uma carreira fantástica mas foi no FC Porto que ele a começou a sério."