Pinto da Costa recorda Co Adriaanse: "Pedi-lhe para ir ao meu gabinete no dia seguinte"
Novo episódio do programa "Ironias do Destino" fez o presidente do FC Porto, Pinto da Costa recuar a 2005, ano da vitória na Intercontinental e a posterior chegada de Co Adriaanse
Corpo do artigo
A segunda Intercontinental: "Foi um jogo emocionante, a nossa equipa foi muito superior, mas não teve a sorte do jogo. Depois foi a decisão por penáltis. Ficou célebre aquela imagem do Pedro Emanuel a olhar para a baliza, atento e a marcar o golo da vitória. Foi uma explosão de alegria em todo o país, porque era impensável que o FC Porto voltasse a ser campeão do mundo depois de ter sido em 1987."
Transição antes da revolução: "Foi um ano de transição, porque saíram alguns jogadores, tinha saído o Mourinho e foi o Víctor Fernández que venceu essa Intercontinental e não viria a ficar no FC Porto. Houve uma renovação e acabou por vir o Adriaanse, que revolucionou o futebol do clube. Vieram novos jogadores, como o Lucho, o Helton e o Lisandro, que marcaram uma época. Sobretudo, foi uma grande transformação no modo de jogar. O Co Adriaanse chegou e implantou um sistema de três defesas, que nunca tínhamos usado. No princípio, as pessoas achavam que não ia resultar, mas depois resultou em cheio. Ele venceu o campeonato com muito mérito. Foi um treinador com quem gostei muito de trabalhar, tivemos uma relação excelente."
A reação após a derrota com o Inter: "Foi um jogo que nos correu muito mal em Milão contra o Inter. Recordo-me que foi à porta fechada. O FC Porto estava a ganhar 1-0 perto do fim e a dominar, tinha o jogo controlado, um grande golo do Hugo Almeida, a uns 40 metros. A 10 minutos do fim, o Adriaanse tirou o Paulo Assunção, que estava a ser o garante de estabilidade da equipa. A equipa desmoronou-se e perdeu. Houve uma grande contestação e ele reconheceu que tinha errado, estava um bocado perdido. Pedi-lhe para ele ir ao meu gabinete no dia seguinte às 15 horas. Antes de ir, disse aos adjuntos 'o presidente chamou-me, se calhar vou ser despedido, porque ontem não estive bem'. Começamos a conversar sobre o jogo, ao qual não dei grande importância porque já era passado."
Renovação surpresa: "Oh mister, o Inter já foi, é passado, agora temos de nos focar em ganhar campeonatos. E para o senhor estar com moral e ninguém ter dúvidas de que é o treinador do FC Porto, vamos renovar o contrato por mais um ano'. Ele só tinha um ano. Ele ficou muito admirado. 'Claro mister, não é por ter corrido mal um jogo que eu deixei de confiar em si, portanto vamos e é para ganhar'."
Vitória e agradecimento em Alvalade: "Nesse ano fomos campeões com alguma antecedência. Vencemos em Alvalade por 1-0 com um golo do Jorginho. Ele no final agarrou-se a mim, deu-me um grande abraço e disse 'presidente, obrigado'. Ficou uma ligação muito forte, mesmo depois de ir embora, mantemos de vez em quando contacto."