Sernache, o último resistente depois do FC Porto: "Quando construímos o plantel..."
Cinco vitórias em cinco jogos, na Série C do Campeonato de Portugal, fazem do emblema de Castelo Branco um caso singular nas competições nacionais. Natan Costa, treinador com percurso assinalável em emblemas albicastrenses, aceitou um projeto para três anos. Subiu na época passada só com um empate e, a título pessoal, não perde desde fevereiro de 2024.
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O empate do FC Porto com o Benfica fez com que já não haja equipas nas ligas profissionais só com vitórias. Mas, como escreviam Uderzo e Goscinny em todos os inícios dos livros de Astérix e Obélix, ainda há no Campeonato de Portugal (CdP) uma equipa resistente. O Vitória de Sernache, da vila de Cernache do Bonjardim, terra com cerca de 3 mil habitantes, comanda a Série C com cinco triunfos em cinco partidas. Caiu, é certo, na Taça de Portugal frente ao Portimonense (2-1), mas no CdP permanece imbatível. Natan Costa, treinador com mais de 180 encontros orientados no CdP, mudou o curso da carreira quando, na época passada, aceitou o convite para pegar no Sernache, despromovido ao distrital de Castelo Branco. "O clube tinha mudado de Direção e acreditei no presidente, que disse que ia fazer uma equipa para se consolidar nos nacionais", explica.
Contas feitas, liderou uma campanha de regresso ao CdP, com 23 vitórias e um empate em 24 jornadas. Ora, em partidas a contar para o campeonato, o Sernache não perde desde 7 de abril de 2024, enquanto Natan Costa, que em 2023/24 saiu do Sertanense, foi derrotado pela última vez em fevereiro de 2024.
Travado que foi o dragão de Farioli, Natan nem sabia que agora carrega o epíteto do último imbatível nos campeonatos nacionais. "Não tinha consciência disso. Sei que no CdP somos os únicos que ainda não perdemos pontos, mas ontem [anteontem] nem tivemos oportunidade de ver os jogos da I Liga, porque estávamos a regressar dos Açores [vitória, domingo, por 4-2, no terreno do Lusitânia]", contou. "Quando construímos o plantel, tínhamos consciência de que íamos ter capacidade para andar nos seis primeiros. É muito cedo para falarmos em classificação e metas classificativas. Fizemos 20% do campeonato com muita competência, e ambição não nos falta", garante.
Tendo em conta o historial recente, o técnico só pode considerar o Sernache uma aposta ganha. "Era para fazer um ano sabático. No verão de 2024 recusei duas abordagens da Liga 3, mas depois apareceram o presidente e o filho a transmitirem-me confiança", revela. "Fala-se muito em projetos e ideias líricas, mas a capacidade de concretização é baixa. Senti que a Direção estava empenhada, mobilizada e que havia capacidade para fazer crescer o clube. Estamos a consegui-lo, com maturidade e estabilidade", termina.
O professor que não quer "favores"
Professor de Educação Física numa escola em Proença-a-Nova, Natan Costa só quer que o futebol lhe traga "felicidade". "Não atropelo ninguém, nunca me ofereci a um clube, tenho consciência das minhas capacidades e estou no Sernache de corpo e alma", afirma. "Estabeleci um compromisso de três anos com o presidente, que vai ser honrado. Quero que as pessoas olhem para o Sernache como um clube sério, a jogar um futebol ofensivo, que é cumpridor e tem boas condições", acrescenta.