"Se consegui fazer esta carreira muito devo ao Benfica, sempre me deu as ferramentas certas"

Rúben Pinto
Rúben Pinto não esconde que a missão é voltar à II Liga. Esta é a melhor fase da equipa, que lidera a Série B. O médio de 33 anos, formado no Benfica, estava no Torreense, no segundo escalão, mas optou por baixar de divisão "pelo projeto aliciante" do Mafra. Chegou e foi logo eleito capitão.
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Rúben Pinto foi um dos reforços de peso, que o Mafra assegurou para esta época, na qual o clube pretende regressar à II Liga, após um ano de desilusão com a descida à Liga 3. O médio reconhece que a equipa não começou da melhor forma, fruto das mudanças sofridas no plantel, com cerca de 70 a 80 por cento de jogadores novos, mas agora está no bom caminho.
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Contra o Atlético, o Mafra conquistou a quarta vitória seguida. É o melhor momento da equipa?
-Sem dúvida. Há algum tempo que o clube não conseguia uma série de vitórias como esta. Tem muito a ver com aquilo que o grupo interiorizou, a mensagem passada pelo treinador. Conseguimos assimilar bem os processos. Temos um grupo muito forte, construído ao longo desta época, porque temos um plantel com 70 a 80 por cento de jogadores novos. Sabíamos que tudo se alinharia e que os resultados iam aparecer.
O Mafra subiu também ao primeiro lugar. Terminada a primeira volta, que balanço faz?
-Não começou da maneira que queríamos, mas também sabíamos que o processo não resultaria do dia para a noite, com muitos jogadores novos. As coisas encaminharam-se, os jogadores começaram a entender a mensagem, a criar mais automatismos no jogo e as coisas começaram a fluir melhor. Nesta liga é muito importante pontuar sempre e temos conseguido fazê-lo muitas vezes. Com estas quatro vitórias conseguimos chegar ao primeiro lugar em igualdade com o Caldas, que é uma boa equipa. O Belenenses também é uma boa equipa, vamos enfrentá-los esta semana. A Liga 3 é muito competitiva e sabemos que nos espera uma segunda volta muito difícil, mas vamos querer acabá-la tão bem ou melhor que a primeira.
Como tem sido trabalhar com o alemão Orest Shala, um treinador novo?
-Dá-nos muita liberdade, mas com muita responsabilidade. Traz ideias novas e é muito próximo do jogador. A experiência tem sido bastante positiva. Ao início não foi fácil por sermos todos novos, mas os processos começam a alinhar-se e estamos muito concentrados no nosso objetivo. O treinador também é parte fundamental no que tem sido o nosso trajeto e temos de fazer tudo para manter esta série e ficar nos quatro primeiros.
O que o levou assinar pelo Mafra, depois de ter estado na II Liga, no Torreense?
-Foi pelo projeto, que é para subir e aliciou-me. A conversa que tive com os responsáveis do clube foi bastante fácil. No ano passado, o Mafra desceu de divisão, não foi um ano fácil, e encarei este desafio como sendo importante. Quero muito ajudar o Mafra a chegar à II Liga. Tive algumas abordagens do segundo escalão, mas o Mafra levou-me a abraçar este projeto.
Como avalia esta primeira experiência no clube, contava ser logo capitão?
-É um clube que superou todas as minhas expectativas. As condições de trabalho são muito boas, não nos falta nada. Não sei se todos os clubes da II Liga têm destas condições, tem crescido e vai continuar a crescer. Apesar de ter descido, vai voltar a estar lá acima e dá todas as garantias aos jogadores. A braçadeira de capitão foi uma escolha do treinador, talvez devido ao meu passado e experiência. É uma responsabilidade grande e estou pronto para dar a cara e defender o clube, tanto eu como o Vítor Gonçalves e o Rossi. Não olho só para mim como capitão, qualquer um tem total legitimidade para assumir.
Depois da desilusão, há condições para voltar a subir? Quais as armas desta equipa?
-O objetivo é claro, é subir à II Liga, embora o caminho seja longo. Chegamos ao primeiro lugar, mas já estivemos lá em baixo, e não é fácil acabar a primeira volta nesta posição. As nossas armas são o espírito de equipa, o coração, o caráter, o lutar um pelo outro. No grupo que temos não interessa se jogas ou se vens do banco. Toda a gente interiorizou a vontade e fome de ganhar. Nos últimos jogos, quem entra tem ajudado bastante.
Aos 33 anos, quais são os seus pontos fortes?
-A liderança, conseguir falar, fazer com que todos entendam a mensagem. Também a qualidade de passe e a superação dentro de campo. Sou um jogador de equipa, que luta pelo colega.
Com Cancelo e Bernardo Silvano Benfica antes de ir à Europa
Rúben Pinto passou 11 anos na formação do Benfica, que considera "uma das melhores do mundo e a melhor em Portugal". "Cresci muito como jogador e como homem. Se consegui fazer esta carreira muito devo ao Benfica, porque sempre me deu as ferramentas certas. Trabalhei com João Cancelo, Bernardo Silva, Lindelof, Ederson e muitos mais que estão no topo, e também aprendi com o Jorge Jesus", conta o médio, recordando que a estreia na I Liga foi no Paços de Ferreira, com Paulo Fonseca, e no Belenenses foi especial jogar a Liga Europa.
Seguiram-se a Bulgária e a Hungria: "Passei lá quatro anos fantásticos [CSKA Sófia]. Há uma hegemonia do Ludogorets, mas lutámos até ao fim pelo título e só não conseguimos por um ponto. Na Hungria [Mol Fehervar] tive dois anos bons e outros dois de lesões, que foram de superação."
