"Ou dão um golaço ou a equipa começa a dar-te na cabeça por aquele disparate..."
Primeira vitória do S. João de Ver na Liga 3, frente ao Braga B, foi conseguida com um golo de Léo Cá desde o meio-campo. O extremo esteve fora dos relvados durante cinco meses na época passada, devido a lesão, e quer voltar aos bons desempenhos. O grupo aceitou bem as ideias de João Nívea, o novo treinador.
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À oitava jornada, o S. João de Ver somou a primeira vitória no campeonato, na receção ao Braga B (1-0), jogo que ficou marcado por outras duas estreias: a de João Nívea, que substituiu Pedro Lomba no comando técnico dos malapeiros, e a de Léo Cá, que fez o primeiro golo desta época, num remate do meio-campo que surpreendeu o guarda-redes João Carvalho.
O S. João de Ver conquistou a primeira vitória com um golaço seu. O que pensou nesse momento?
-Estes remates ou dão um golaço ou a equipa começa a dar-te na cabeça por aquele disparate. Por acaso, já tinha olhado para a baliza duas ou três vezes. Hoje em dia, os guarda-redes gostam de controlar bem a profundidade. Assim como eles estudam os avançados, nós também os estudamos. Percebi que ele tinha o hábito de jogar fora da área e quando tive oportunidade disse: "É agora!". E correu bem, foi um golo muito bom, uma grande execução.
Foi a primeira vez que marcou do meio-campo?
-Fiz um golo parecido com este, contra o Águeda, quando também estava no S. João de Ver, ainda no distrital, há uns dez anos. Ambos entraram para o meu top-3. O nosso guarda-redes bate a bola, isolo-me para lá do meio-campo, sinto que o guarda-redes adversário está fora da baliza e com a bola a pingar chuto direitinho. Foi uma execução ainda mais difícil do que contra o Braga B. São lances que saem, é como fazer uma finta, tanto corre bem como mal.
Dedicou o golo a alguém?
-Não sou muito de direcionar os meus golos, mas tive a felicidade de ter a minha mãe, o meu tio, a minha afilhada e prima no estádio. Dediquei em particular à minha esposa e filhota, que nasceu há pouco, tem três mesitos e ainda não tinha visto o pai fazer golos. Ela ainda não percebe, mas vai perceber um dia o golo que o pai marcou.
Pouco depois desse momento foi substituído...
-Foi por problemas físicos, mas à partida não será nada de grave e já estarei pronto para o próximo jogo [Paredes].
Que avaliação faz do desempenho da equipa?
-Já merecíamos esta vitória há algum tempo, pelo esforço, empenho e dedicação. Estávamos a passar uma fase má, e ainda estamos, porque só ganhámos um jogo. Ainda estamos a consolidar os processos e desta vez fomos mais pragmáticos. Nem sempre dá para jogar bonito, mas o mais importante é jogar para ganhar. Agradeço a quem ficou depois de eu sair, porque depois da minha lesão tivemos outra alteração forçada e a equipa uniu-se. Fomos uns autênticos guerreiros a fechar a baliza.
Este jogo marcou também a estreia de João Nívea. O que acha das ideias dele?
-O que esperamos é que o míster nos consiga ajudar, tal como o treinador anterior, o Pedro Lomba, também tentou. As coisas não estavam a fluir da forma como queríamos e planeávamos. Com o João Nívea temos de abraçar as ideias dele, juntar todo o processo que tinha sido construído e produzir golos e vitórias, que é o que precisamos.
Que motivos aponta para não terem vencido com o Pedro Lomba?
-Foi um conjunto de fatores. Nós também somos culpados em algumas situações, porque o míster pode-nos trazer as melhores ideias e as coisas não acontecerem. Vemos isso também em patamares superiores e com orçamentos bem mais elevados. Temos o caso do Gil Vicente, que está a fazer uma grande temporada em comparação com outros que têm orçamentos maiores. Às vezes os treinadores têm uma ideia, mas não é para aquele plantel. O treinador reformulou sempre a ideia dele, tentou ajudar-nos ao máximo e temos de agradecer pelo tempo que esteve connosco. Infelizmente, não conseguimos fazer com que ficasse mais tempo.
Fez 14 jogos na época passada, nesta já vai em dez. Poderá repetir a sua melhor marca de dez golos?
-O que espero é ajudar a equipa com golos, assistências, entreajuda, espírito de sacrifício. Os objetivos pessoais nunca se podem colocar à frente dos coletivos. Na época passada estive cinco meses afastado dos relvados, por lesão, o que me deixou longe dos objetivos, depois de um ano muito positivo no Felgueiras, que me deixou com a mente mais fluida e uma ambição muito grande, e só queria ter mantido o nível.
Lourosa foi rampa para a II Ligae o fim pode acontecer em casa
Natural de S. João de Ver, Léo Cá teve a melhor época no vizinho Lourosa, em 2019/20, quando fez dez golos e o mesmo número de assistências no CdP.
"Essa passagem com o Rui Quinta foi quando atingi os meus melhores números, que me possibilitaram dar o salto para o Covilhã, da II Liga", recordou o extremo, que teve na época passada a pior da carreira devido a uma grave lesão que o deixou fora durante cinco meses, após uma subida de divisão pelo Felgueiras, na qual, mesmo jogando menos, conseguiu "bons números".
Mantendo a velocidade como uma das principais armas, Léo Cá, 31 anos, não sente o fim de carreira próximo: "Sinto-me bem fisicamente e com paixão para continuar. Ainda não penso nisso, mas se terminasse amanhã no S. João de Ver seria com o coração cheio", sublinhou.
