Acusação a Domingos Soares de Oliveira coloca o co-CEO da SAD na mira interna. Presidente das águias é desafiado a avançar para a saída imediata do dirigente
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A acusação a Domingos Soares de Oliveira, atual co-CEO da SAD, no âmbito do processo "Saco Azul", no qual é visado pelo Ministério Público (MP) por três crimes de fraude fiscal e 19 de falsificação de documentos, coloca Rui Costa sobre pressão.
A situação de Soares de Oliveira na Luz está em risco. Ainda assim, um eventual fim de ligação entre as partes pode alongar-se. O administrador não pretende para já abandonar os encarnados.
Segundo apurou O JOGO, o lugar do administrador da SAD benfiquista - também acusada no processo "Saco Azul", assim como a Benfica Estádio e Luís Filipe Vieira e Miguel Moreira, antigo presidente e diretor financeiro das águias, respetivamente - está em risco, até porque existe pressão interna sobre o responsável máximo do clube da Luz no sentido de avançar para a saída imediata de Soares de Oliveira.
Na quarta-feira existiram mesmo conversas para discutir a situação, algo que pode repetir-se durante esta quinta-feira, sendo que Rui Costa vai assumir a decisão final. Estava já decidido, segundo apurou o nosso jornal, que a situação do co-CEO da SAD fosse avaliada no final da época, mas a acusação levou a acelerar esta análise. Ainda assim, e apesar da pressão de que Rui Costa está a ser alvo o eventual processo de saída de Soares de Oliveira nunca será rápido.
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O administrador, com peso no dia a dia do clube, não pretende para já deixar a Luz quer pelo lado financeiro, face ao que aufere, mas também porque entende que a sua defesa no "Saco Azul" será mais fácil enquanto for dirigente das águias. Apesar disso, há quem no seio do clube da Luz entenda que este pode avançar, pelo menos, para uma suspensão de funções enquanto decorre o processo. Caso tal não suceda, poderá existir uma vaga que tentará levar a SAD a negociar com Soares de Oliveira - atualmente fora do país, pois após a reunião da Associação Europeia de Clubes (ECA) de terça-feira, marca presença agora em Londres, num fórum para debater o momento da modalidade - no sentido de chegar a um acordo para a sua saída.
SAD confirma acusação de fraude
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na quarta-feira, a SAD encarnada confirmou ter sido "acusada de fraude fiscal" no âmbito do processo "Saco Azul", adiantando ainda que, "por inerência e entre outros, membros que integraram o seu Conselho de Administração no mandato 2016 a 2020, um dos quais se encontrando ainda em funções" foram "também acusados" de fraude fiscal, "bem como de falsificação de documentos instrumentais" do anterior crime imputado.
A Benfica, SAD está acusada de dois crimes de fraude fiscal, enquanto a Benfica Estádio de um crime semelhante, além de 19 de falsificação de documentos. Isto no seguimento daquilo que o MP considera ter sido "um plano" orquestrado por Luís Filipe Vieira, e cuja "execução passaria pelo arguido Miguel Moreira" de forma a "fazer sair dinheiro das contas bancárias da Benfica SAD e Benfica Estádio, S.A., sob a forma de pagamentos, e fazê-lo regressar à posse das mesmas, sob a forma de numerário". O despacho da acusação, a que O JOGO teve acesso, entende que Vieira, assim como Soares de Oliveira e Miguel Moreira "agiram com consciência e vontade", visando, com esta circulação de dinheiro - saíram dos cofres da Luz 2 265 660 euros -, que esta fosse "depois utilizado de forma não documentada".
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O dinheiro terá sido canalizado para contas da empresa Questão Flexível, de José Bernardes - acusado de 34 crimes de falsificação de documentos, quatro de fraude fiscal e um de branqueamento de capitais -, amigo de Miguel Moreira. Esta movimentação ocorreu entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017. A 3 de agosto de 2017, porém, e depois de duas transferências que perfaziam 246 mil euros, o Banco Eurobic, onde José Bernardes (que chegou a dar indicação à sua gestora sobre a quantidade e o valor das notas para os levantamentos em numerário) tinha conta, negou-se a executar o pedido, por parte deste, de levantamento em numerário de 250 mil euros. E informou mesmo as autoridades. Contudo, o esquema viria, entende o MP, a continuar entre novembro e dezembro, desta feita no Millenium BCP.