Perante cerca de 250 benfiquistas em Albufeira, o presidente e candidato olhou para o que fez, para o futuro e para as críticas que recebe
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Rui Costa terminou o périplo deste sábado em Albufeira, onde cerca de 250 benfiquistas o ouviram explicar o que o motiva a recandidatar-se à presidência do Benfica, tendo o atual líder encarnado começado pelo início, pela ascensão ao poder após a saída abrupta de Luís Filipe Vieira. "Não de uma forma política mas sentimental, fez ontem quatro anos desde que assumi o clube, numa altura em que ninguém queria o Benfica, em que ninguém teve coragem para assumir o Benfica", atirou, garantindo várias vezes que não foge às suas responsabilidades
"Se alguma dúvida tivesse quando ando pelo país, quando estou com as pessoas, como hoje aqui, dá-me razão para dizer a mim mesmo que do Benfica não se desiste, os benfiquistas não merecem. É com esse espírito que volto a estar aqui, onde estive há quatro anos quando estava para assumir o cargo, e foi sempre das coisas que me deu muita força, a minha história no Benfica, o meu passado no clube, mas sobretudo aquilo que as pessoas do Benfica representam para mim e não é só o clube. Por isso, repito que jamais desistirei do Benfica", assegurou.
O antigo camisola 10 das águias olhou para o seu mandato e, pela forma como entrou, destacou que "era preciso organizar muita coisa, sair daquelas parangonas" que envolveram o clube durante muito tempo por causa dos processos judiciais e investigações da Polícia Judiciária. " Gostava de estar aqui hoje a dizer que ganhámos tudo e um par de botas nestes quatro anos, mas não foi. Não foi, mas fizemos uma reestruturação total do clube, desportiva e financeiramente, que me permitem garantir aos nossos sócios e adeptos que hoje estamos muito mais prontos para o futuro que há quatro anos. Disso não tenho a menor dúvida."
Rui Costa olhou para as conquistas, ou para a falta delas. "Podemos dizer que queremos títulos, que vivemos para isso. Não ganhámos na época passada, mas a duas semanas do fim estivemos à beira de ganhar tudo o que havia para ganhar em Portugal. Aprendi aos meus oito anos no Benfica que não há vitórias morais, mas também não pode haver injustiça. Acabámos por não ganhar e isso é uma frustração tremenda, mas passado um mês estávamos a ganhar uma Supertaça, depois de jogar um Mundial de Clubes por mérito próprio, fizemos a melhor pontuação europeia do clube em quatro anos. Houve muita coisa bem feita", considerou.
"Também a nível financeiro muito se tem falado da crise do Benfica. É tremenda e dá muito jeito a muita gente falar dela hoje em dia, mas se isso fosse assim não apareciam seis candidatos", referiu, antes de dar um passo atrás até 2021. "Não sou eu que o digo, é a história do nosso clube, que quando o clube esteve em crise nunca apareceram seis. Há quatro anos atrás andei à procura deles", disparou, antes de reconhecer que teve um aumento no passivo. "Não cheguei hoje ao Benfica, a minha história está lá. É verdade os 100 milhões, mas parte deles, que alguém me quer atribuir a mim porque lhe dá jeito, advém do Covid, das medidas que tomou porque ao contrário dos outros, e porque é um clube único, e eu aplaudi como administrador, que não se tirasse um euro a nenhum funcionário, nenhum atleta. Eu não era presidente e aplaudo essa decisão."
Rui Costa explicou que os valores caíram no seu mandato "e agora dá muito jeito falar disso, mas não é justo". "Ainda assim, assumo a responsabilidade, o meu nome até é Costa e tenho as costas largas. A outra parte do aumento do passivo é minha, com ordem, para as necessidades que nós achámos, fizemos uma reestruturação total daquilo que era o plantel da equipa principal. Tínhamos 13 jogadores com 30 ou mais anos, cujo valor desportivo não se questiona e um deles ainda está connosco, o Otamendi, mas valia zero a sua venda", afirmou, ouvindo um forte aplauso e com os adeptos a gritarem pelo capitão de equipa.
"Esse investimento foi feito a pensar no futuro do Benfica e não a dizer vamos gastar e o próximo que vier feche a porta. Também fizemos as obras no estádio, que acho estarmos todos orgulhosos, até mesmo os anéis, o som, as luzes. Posso dizer que temos o interior do estádio mais bonito que há quatro anos. Mas isso paga-se, mas não fizemos esse investimento de cabeça perdida. Preparámos o clube para o futuro. O resultado do último exercício já mostra essa inversão, pese embora para alguns seja mais importante chumbar um relatório e contas de 34 milhões de euros porque não dá jeito elogiar aquilo que foi feito", apontou, atacando que "não dá jeito" destacar-se o grande "aumento do ativo", sublinhando que o objetivo passa por chegar aos 500 milhões de euros de receitas.
Abordou ainda o projeto Benfica District, "que não vai influenciar qualquer investimento que tenha de ser feito no futebol, nas modalidades ou outras áreas". " Alguém tem medo de o construir e de fazer evoluir o Benfica, que eu não terei, este projeto dará uma receita na ordem dos 40 milhões de euros. Não pensem que é um projeto eleitoral ou para deixar marca, marca já eu deixei há muito tempo. É para fazer crescer o nosso clube e vai ser efetuado, olho todos os dias para ele e não vejo a hora", disse, perspetivando também o aumento do número de sócios para os 500 mil. "Nada me dará mais orgulho."
Rui Costa agradeceu ainda a quem o acompanhava nos órgãos sociais e não continuará, olhando para quatro entradas, apontando para a primeira, presente no espaço, Domingos Almeida Lima, responsável pelas Casas do Benfica. "Nuno Catarino, que veio há um ano para a administração da SAD, passará a vice-presidente financeiro do clube, ele que tem feito um excelente trabalho e o resultado que tivemos muito se deve ao isso. Outro é uma honra para mim e para todos os benfiquistas, o grande capitão Humberto Coelho. Deixei para o fim o vosso conterrâneo, o Tomás Barroso, outro capitão, que será vice-presidente para as modalidades. Vejo muita competência, muito benfiquismo e muita seriedade, muito Benfica dentro da nossa Direção", elogiou, antes de pedir união de todos os benfiquistas depois das eleições, pedindo a quem não ganhar que "nada faça para desunir a família benfiquista".