Rui Borges, as "azias" e a gestão: "O treinador passa de maluco para maluco mas ao contrário..."
Rui Borges, treinador do Sporting, antevê novo duelo com o Alverca (20h15 de sexta-feira, novamente em Alvalade), desta feita a contar para a 10.ª jornada da I Liga
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Como gere a forma com que os jogadores lidam com as decisões? "Azia vai haver sempre. Desde que seja de uma forma, não digo positiva... Mas que não seja negativa... Azia faz parte. Quem não sente não é filho de boa gente. Têm de transportar aquela azia, desconforto, raiva inicial, para que quando jogue o demonstre e que meta o treinador a pensar diferente. Se levar para a parte negativa, vai entrar, não vai corresponder e a seguir já nem entra. Eles reconhecem muita qualidade entre eles. Não o ego de "eu é que sou, sou o melhor, vou resolver". Em grandes clubes existem jogadores diferenciados. O estatuto existe, não se foge a isso e às vezes para nós treinadores é difícil, mas ainda não tive essa luta. Não é que não existam estatutos. Mas revêem-se uns nos outros, respeitam-se mutuamente, é importante para mim e ajuda-me a controlar as azias. Respeitam-se, revêem qualidade naquele colega, por mais que queira jogar, percebe que se calhar o colega está melhor ou faz mais sentido. Por mais que exista azia, não vai à azia negativa e talvez seja esse o porquê de terem dado aquela resposta, mesmo jogadores que tinham menos minutos. Mas nem é muito por aí. Tinha Kocho, Morita, Vagiannidis, Quaresma, jogadores que apesar de tudo têm jogos. Podem ter menos um ou outro que outro colega, mas têm jogos. Eles percebem que é importante dar resposta. Por mais que às vezes custe perceber a rotação de um ou outro jogador, eles percebem e é importante para o grupo. Ninguém está à espera de ser titularíssimo. Isso não existe. Espero eu que a equipa que entre amanhã esteja ligada. A malta que jogou na terça-feira deu uma resposta enorme, não posso ficar abaixo disto. Eles estão todos ligados, revêem qualidade uns nos outros e sabem que a qualquer momento podem jogar. É como o João Simões. No início se calhar diziam "Ele vai rodar na Champions"?. O Simões faz um jogado do caraças, no jogo seguinte o míster não o mete e dizer que tem de ser titular. O adepto é perito nisso. O treinador passa de maluco para maluco mas ao contrário. Eu sou muito equilibrado. Percebo que possa haver um jogador que sinta mais do que outro essa azia, mas depois vão percebendo que a equipa dá resposta. Sentem-se todos úteis, é o melhor que pode existir num grupo, sentir que todos têm a possibilidade de jogar. Seja o mais novo de 17 ou 18 anos, seja o mais velho, que neste caso deve ser o Matheus, os mais velhos têm 25 ou 26 anos. Todos estão com o sentimento que podem jogar. Sabem que podem ser titulares. É o que melhor me ajuda a gerir as azias: estarem todos ligados. Espero que amanhã a malta que entre esteja ligada, senão na Juventus, out. Todos estão com energia boa, é o melhor que pode existir para um treinador."
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