ENTREVISTA (Parte 1) - Em entrevista a O JOGO o dono da baliza do Sporting, Max, conta como o grupo encara o futuro após outra mudança de técnico.
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O coronavírus não dá tréguas, o plantel do Sporting está em isolamento como medida preventiva e de contenção, e foi por vídeoconferência que O JOGO entrevistou Luís Maximiano, guarda-redes titular do Sporting, aos 21 anos. O dono da baliza leonina aborda passado recente e perspetiva um futuro mais risonho, agora com Rúben Amorim ao leme. O técnico, de resto, está a conquistar o grupo com uma cultura de jogo alegre, fundamentos táticos que agradam ao guardião, e uma proximidade ao grupo, boa disposição e positivismo que lhes fez bem e ajuda a apagar a onda negativa em que estavam imersos.
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O Sporting está em mudança outra vez, numa nova era com Rúben Amorim. O presidente até disse na sua apresentação "o futuro começa hoje". Como estão a viver esta mudança, o quarto treinador da temporada?
-Vemos bem, as decisões não são nossas. Quem manda em nós é que sabe, temos de ouvir e perceber o que querem fazer connosco. O míster fala muito connosco, o grupo está a gostar e queremos fazer um bom trabalho. Tentamos fazer o melhor trabalho possível, seja qual for o treinador. Queremos sempre a vitória, dar o melhor. Qualquer um dos treinadores quer ganhar e tirar rendimento da equipa.
O que é que o Rúben Amorim vos pede em termos táticos, de cultura e ideia de jogo, como coloca a alegria que se diz que ele impõe no trabalho e no jogo para vos recuperar animicamente?
-Temos pouco tempo de trabalho, mas tem falado muito connosco. Tem passado a alegria de jogar, porque sem alegria não conseguimos ter o rendimento que podemos ter. Queremos estar unidos e todos com ele para concretizar os objetivos.
Rúben Amorim pegou na equipa numa fase difícil, após a eliminação com o Basaksehir e depois da derrota em Famalicão. Perspetiva, depois desta época, que o Sporting possa já na próxima estar a discutir o título, começar em igualdade com os rivais?
-Temos de conseguir. O Sporting é um clube grande e temos tudo para fazer um grande trabalho.
O plantel vai ser reforçado, o que é normal, mas as perspetivas para esta época eram muito boas...
-Ainda temos de acabar esta época, temos muito para crescer e passo a passo as coisas vão-se fazendo. Não nos compete a nós construir a equipa. A nós compete-nos fazer o melhor pelo Sporting.
Falhar a ida à Europa já seria um fracasso muito grande. Como encaram a meta europeia nesta altura, sabendo que têm um calendário complicado até ao final da Liga?
-Temos um treinador novo, com novas ideias, queremos fazer o melhor e ir à Europa é um objetivo. Temos de conseguir o lugar mais acima possível. O míster passa uma energia muito positiva ao grupo, que está muito feliz, e estamos a trabalhar para chegar aos lugares acima. Estamos a encarar jogo a jogo, não vamos estar a pensar já nos últimos jogos quando há mais até chegar lá. Todos os jogos têm a mesma importância. Preparou-nos para o jogo do Aves e agora era o V. Guimarães, mas aconteceu isto que o país está a viver... O pensamento é de um jogo de cada vez e no fim logo se vê.
"Quarto treinador esta época? Quem manda em nós é que sabe, temos de ouvir e perceber o que querem fazer connosco. Qualquer um dos treinadores quer ganhar"
O que falhou com os treinadores anteriores? Com Marcel Keizer a Supertaça com o Benfica foi marcante e a partir daí ficaram desacreditados, sem confiança?
-Tentámos sempre dar o nosso melhor, fazer o que nos pedem. Mas há fases menos positivas e fomos apanhados numa. Agora temos de dar a volta por cima. Já não podemos mudar o que está para trás, mas temos de olhar para o que vem aí que vai ser certamente muito melhor.
Sentiram-se numa espiral negativa?
-Quando cais numa fase assim negativa afeta a equipa, o grupo. Num dia somos bons e no seguinte já não prestamos. Mas o que temos de fazer é trabalhar e dar o melhor para sair desta fase.
O afastamento prematuro dos lugares da frente desanimou e complicou a recuperação?
-Claro que quem joga no Sporting quer lutar pelos primeiros lugares, por títulos. E este ano não conseguimos. Não estamos felizes e claro que ninguém consegue ir treinar da mesma forma. Todos querem ganhar, mas não é o mesmo trabalhar depois de vitórias ou depois de derrotas. Mas temos de esquecer o que já passou e olhar para o que vem, isso é que é o importante.
Como lidam com a juventude do treinador, o Mathieu por exemplo é mais velho do que ele... É um obstáculo ou gera alguma desconfiança a falta de experiência?
-Um treinador é sempre um treinador. Com 90 ou com 20, é o nosso treinador e o respeito é igual, é a pessoa que nos comando e que quer nós ganhemos e façamos o melhor possível. A idade é só um número. É ele que nos vai guiar. Tem qualidade e já o demonstrou, só temos de respeitar, ouvir, e fazer o que ele nos pede.
"CONTESTAÇÃO AFETA? É UM CLUBE GRANDE"
Guerra entre a Direção presidida por Varandas e os adeptos é desvalorizada pelo guardião.
Como é que os jogadores sentem no relvado o clima de tensão no clube, os momentos de silêncio em Alvalade, depois os assobios... Isso afeta?
-Claro que quando entramos em campo contamos com o apoio dos adeptos. Quando as coisas não correm bem, com a exigência que os adeptos têm, de querer ganhar, é normal haver contestação ou não estaríamos a jogar num clube grande como o Sporting se não quiséssemos passar por isso. Temos de estar preparados para isso. Se não conseguimos ganhar e chegar à exigência que eles querem é normal sermos contestados e temos de fazer o nosso trabalho na mesma.
Mas a contestação chegou a um ponto que ultrapassa o futebol em campo...
-O que depende de nós é o que fazemos nas quatro linhas, é o que nos compete. O que se passa cá fora passa-nos um bocado ao lado. É isso que tem de acontecer. Nós somos jogadores de futebol e o nosso trabalho é dentro das quatro linhas.