Declarações de Rúben Amorim, treinador do Sporting, após o triunfo por 2-0 na receção ao Casa Pia
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Estamos só perante um momento de boa forma ou se há mesmo uma nova dimensão ofensiva do Daniel Bragança? “Não é olhar só para os números… porque os números podem parar, ou abrandar, ou aumentar. Mas que ele é um jogador com uma dimensão diferente… Eu acho que tem mais capacidade física, mais capacidade de chegar à baliza adversária, mais forte no contacto físico e ele tem uma dimensão diferente. Está um jogador diferente. E como já venho a dizer há três anos, ele precisava era que o treinador o metesse mais vezes a jogar. E ele, a verdade é que, com o pouco tempo que teve o ano passado, às vezes, era cinco minutos, era 10 minutos, era 20 minutos e era sempre a sério. E isso ajuda. Depois foi dos melhores jogadores que eu tive a treinar no dia a seguir ao jogo. E muitas vezes ele ficava de fora e trabalhava sempre a sério. E isso recompensas, ele cresceu em todos os aspetos. E agora é muito difícil tirar o Dani. E cada vez que o tiro, meto e ele prova que se calhar deveria estar a jogar. Mas respondendo à pergunta, o Dani tem uma dimensão completamente diferente. Eu não esperava esta dimensão, mas ainda tem muito para crescer. E vai crescer. Tem de continuar a trabalhar como está. É um grande jogador.”
Primeira equipa neste século a arrancar uma liga com oito vitórias seguidas. O que é que lhe diz este dado? Considera que este Sporting, ao nível de qualidade de jogo, está no mesmo patamar de algumas das melhores equipas portuguesas deste século? “É difícil... Eu joguei em algumas boas também. Mas acho que nós temos uma forma de jogar que é agradável para as pessoas. É difícil estar aqui o treinador a dizer que é uma das melhores. Começámos bem. Jogamos bem. Temos de melhorar em jogos com dificuldade maior, é o passo que temos de dar a seguir. Mas acho que estamos a fazer um excelente trabalho e temos mantido a consistência do nosso jogo. Mesmo com blocos mais baixos, ou blocos muito baixos, com linhas de seis, nós mantemos sempre a nossa consistência. Se olharmos para o jogo, é sempre uma equipa de posse, uma equipa que reage bem à perda de bola, sofre poucas oportunidades e isso tem-se mantido ao longo do campeonato. Eu acho que o calendário vai dificultar mais e nós vamos ter outras dificuldades para enfrentar. Portanto, eu estou muito satisfeito com o rendimento dos meus jogadores. Muito preocupado com o nono jogo. Temos de ter o grupo todo em forma para podermos ganhar todos os jogos, em todas as competições.”
Nestas circunstâncias, em preparação para jogos como este, onde já é esperado um bloco muito baixo, se incita às individualidades, se incita à inspiração individual dos jogadores ou se ainda assim puxa pelo nível tático? ”Sim, eu acho que o futebol tem tido uma grande evolução. Eu lembro-me, eu joguei até há pouco tempo, acho eu que era há pouco tempo, e havia mais um 4-3-3, um 4-4-2, a construção era sempre a quatro, raramente havia uma construção a três, depois começou aquela construção a três com o médio defensivo a entrar e era tudo muito estático. E hoje em dia é tudo muito mais difícil. É difícil nós olharmos para um jogo de certas equipas, e nós vamos jogar com algumas na Liga dos Campeões, e é difícil encontrar as referências, é difícil montar um sistema. E eu acho que nós temos umas características no nosso jogo que também é difícil saber. Por exemplo, se o Dani está mais baixo, se está mais subido, se são é de 4 atrás da linha média, se são 3, se são 2, tudo isso dificulta muito. Depois, quanto mais jogos se vê, às vezes mais complica para se preparar os jogos. Obviamente que neste tipo de jogos não há milagres. Há uma linha de seis e há uma linha de quatro. Ou vamos por cruzamentos, não é o nosso forte, ou tem que ser a inspiração dos jogadores. E portanto aí, quem tem melhores jogadores tem uma grande vantagem, não há volta a dar. O ano passado jogávamos mais com o Esgaio por fora, ter o Quenda, ter o Geny, é completamente diferente. Podemos dar a bola e ele leva-nos a bola para a frente. Depois jogámos a bola muitas vezes atrasado e etc. Portanto, essa é a evolução. As características dos jogadores neste tipo de jogos fazem diferença. O treinador mete as peças, mas se eles não resolverem, não há milagres. Vamos estar ali três horas sem marcar golo.”