Nova marca de Horta - 410 jogos - reforça-lhe a dimensão e eterniza-o no clube. Criativo confessa uma ligação muito bonita e não se cansa de marcar golos em cima dos recordes
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Na melhor sequência da época, três golos em três jogos, mortífero no pontapé que garantiu três pontos sofridos em Moreira de Cónegos, Ricardo Horta abraçou a marca que perseguia, ainda que tal não fosse uma meta assumida. Atingiu o recorde que lhe confere imortalidade nos livros da história do Braga: 410 jogos. Deixou para trás o icónico defesa José Maria Azevedo, falecido em 2024, que ostentava o máximo de partidas com o manto arsenalista (409), desde que pendurou as chuteiras no final de 70/71.
“É uma marca que me honra, numa casa que me acolheu e muito me deu. Acredito que estou a retribuir tudo o que me deram. Esta ligação é uma história muito bonita”, afirmou na terça-feira, numa publicação produzida pelo Braga para assinalar um legado assinalável.
São nove as épocas em Braga, a colecionar jogos, golos e assistências, além de futebol refinado. Atinge um novo patamar, podendo ainda embelezar a moldura que ficará para a história.
Excelso fabricador de sonhos, dono de fogo de artifício em forma de golos, Horta cumpre a nona época no Minho, onde agarrou a coroa de estrela maior da era Salvador, apesar de nunca terem faltado outros jogadores de eleição. Os números que traduzem a sua passagem pelos guerreiros, ainda incompletos com muita história por escrever, já são de categoria épica: 410 jogos, 134 golos e 70 assistências. Pulverizou as marcas goleadoras de Mário Laranjo (92) e Chico Gordo (89).
É uma coleção de números que o fazem divino no universo guerreiro, além de um imbatível perfil profissional, que nunca gerou um único melindre. Nem choques, nem conflitos, sem se deixar abater por uma transferência falhada para o Benfica.
A influência de Ricardo Horta mede-se pela geometria e artilharia, também pelo impacto nos companheiros, que não raras vezes o gabam. De Carvalhal ainda agora ouviu elogios sobre uma exemplar estabilidade emocional. Será essa a faceta que faz com que não conviva com lesões graves, nem quebras de forma evidentes. É um criativo que se fez resistente, mesmo sendo mais franzino.
“São realmente muitos jogos e muitas emoções. Ainda mais alegrias e algumas tristezas. Isto num clube centenário, por onde passaram milhares de jogadores”, documenta Horta, que pode mesmo conseguir nesta temporada o seu maior registo de jogos numa só época, pois atualmente já contabiliza 39 presenças em campo. Ainda com progressos na Taça de Portugal em aberto, o Benfica é adversário nos quartos de final, não enfrentando problemas físicos, o motor de excelência deste Braga poderá atingir os 54 jogos, superando os 52 de 19/20. E, diga-se, nunca ficou abaixo dos 43. Também é regular e furioso no seu diálogo com as balizas. Pode ainda apontar mira aos 20 golos, carregando onze remates certeiros em 24/25 com melhoria categórica no passado recente, alimentando, lá está, o reencontro do Braga com uma sequência de triunfos à sua altura.
Com Horta influente, o futebol do Braga fica mais transparente e o atual ataque ao pódio, fruto de quatro triunfos consecutivos na Liga, transmite os sinais, mesmo num cenário de fortíssima rearrumação de casa, como se viu neste mercado.