A questão psicológica dos jogadores também deve ser tida em conta no momento em que estes não podem desempenhar a sua profissão como o fazem habitualmente, considerou João Pedro Araújo
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Além de se trabalhar a parte física dos atletas, como trabalham a parte mental?
Há na sociedade a componente da ansiedade generalizada, e alguns colegas levantaram a questão, depois de uma fobia que pode existir depois do retorno aos treinos. Será normal é a agorafobia social depois de um isolamento que pode ser algo extenso. São situações novas que não foram estudadas na população desportiva. Há ansiedade nos atletas e as sessões em grupo servem para aliviar, e a manutenção do exercício físico contribui para diminuir a ansiedade. O regresso aos treinos terá de ser muito criterioso, com uma determinada sequência para evitar fobias que possam ser criadas nos períodos em que estão em suas casas.
Que ferramentas utilizam para controlar e avaliar a condição dos jogadores?
Fazemos avaliações e treino em vídeochamada, que permite corrigir os atletas em tempo real. Estamos a monitorizar com alguma precaução é ao nível da composição corporal, do peso, a ingestão calórica pode ser aumentada em casa e o nível de atividade reduzido. O nutricionista está a monitorizar as dietas e o registo diário de peso dos jogadores. A condição física terá de ser avaliada quando retornarem aos relvados. Mas não há dúvida de que vamos ter perda de forma física de forma considerável. Passadeira ou bicicleta ou pesos não conseguem mimetizar as exigências de uma partida de futebol.
Mas pensaram em usar tecnologia?
É mais vídeochamadas. O restante é redundante, não fazemos por fazer. Fazemos o que dá para tirar algum benefício. Sempre achamos que este período iria ser prolongado. Este é um percurso longo, com fadiga mental e não os queremos sobrecarregar com exigências demasiadas num período conturbado nas vidas deles. Monitorizamos e damos um auxílio na retoma desportiva, podemos usar alguns 'gadgets', mas não há nada comprovado e é tudo experimental. Houve a preocupação de não os bombardear com demandas e tarefas. Até podem vir a ser aliviados numa folga ou duas por semana.
Como viu a rapidez da Liga portuguesa em agir, comparando com a lentidão da UEFA e o que gerou a disputa do Atalanta - Valência?
A Liga portuguesa esteve na vanguarda, tomámos as decisões mais duras de parar campeonatos e até treinos antes da deliberação do estado de emergência. Demos o exemplo. Foi uma decisão difícil, mas unânime em conjunto entre a Liga e os clubes.