Uma redução na ordem dos 10 M€ é desejada e a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões será uma arma indispensável para permitir mais estratégias financeiras, como a cedência de créditos
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O investimento recente na contratação de Paulinho por 16 milhões de euros na reabertura do mercado de transferências em janeiro poderá sugerir uma elevada disponibilidade financeira e até abundância nesse aspeto por parte dos leões - que começam, como o nosso jornal oportunamente deu conta, a liquidar as principais tranches do negócio apenas em setembro.
SAD quer inverter o quanto antes a tendência de aumento de custos com clubes e agentes
Mas a verdade é que, segundo O JOGO apurou, a SAD liderada por Frederico Varandas estipulou como prioridade nos próximos meses baixar os valores em dívida aos fornecedores, contando para isso com os resultados da equipa de futebol e a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões como um aliado na gestão da tesouraria.
Cientes de que as dívidas a fornecedores correntes (a pagar a um ano) aumentaram significativamente em apenas seis meses, passando de 55,9 milhões de euros (M€) no final de junho para 60 M€ em dezembro, com particular incidência aos agentes, cujos valores a pagar subiram no referido período de 21,5 M€ para 28,5 M€, os dirigentes leoninos olham para uma inversão desta tendência como um aspeto crítico no momento em que os fluxos financeiros podem ser substantivos num futuro a seis meses. Aliás, em Alvalade, os vários planos de pagamentos que estão definidos para liquidar verbas em atraso estão a ser cumpridos com alguma irregularidade, fruto dos desafios impostos pelas condicionantes de tesouraria decorrentes da pandemia de covid-19.
Um dos cenários que está em cima da mesa é precisamente o de efetuar algum adiantamento de receitas, cedendo créditos decorrentes de prémios fixos que o Sporting pode vir a receber na próxima temporada da UEFA, naquela que será, caso seja uma opção escolhida, uma movimentação de mercado natural, dentro do que é a gestão de empresas em cenários distorcidos pela pandemia, em que as quebras de receitas foram mais acentuadas. Mais do que comprar e investir, ainda que tal não seja esquecido devido ao desejo de manter a competitividade da equipa, procura-se em Alvalade um equilíbrio que possibilite uma redução de dívidas a fornecedores, agentes e clubes, em montantes que cheguem perto dos 10 milhões de euros.
Novo empréstimo obrigacionista à vista
Entre as obrigações que a SAD tem até ao final do presente ano civil encontra-se a liquidação do empréstimo obrigacionista lançado em 2018, na altura no valor de 30 M€. Na verdade, o mercado apenas subscreveu 26,1 M€ em obrigações, levando a SAD a reembolsar os cerca de 4 M€ a quem investiu no empréstimo obrigacionista anterior.
Hipótese: novo empréstimo obrigacionista pode superar os 30 M€ oferecidos em 2018
Ora, no final de novembro, concretamente no dia 26, a SAD terá de proceder ao reembolso do empréstimo, seja ele efetuado com capitais próprios que decorram de ganhos financeiros, por exemplo, no mercado de transferências que aí vem, ou revalida o empréstimo obrigacionista, lançando uma nova oferta pública de subscrição. Mas aqui, segundo O JOGO apurou, poderá mesmo o Sporting optar por aumentar o valor de ações disponíveis para o mercado, eventualmente em mais 10 M€ ou 15 M€, mas tal operação está naturalmente a confiança do mercado em empresas ligadas a clubes de futebol. Daí que seja importante para o sector que, por exemplo, o FC Porto não volte a adiar os pagamentos dos reembolsos de obrigações no valor de 70 M€, decorrentes de dois empréstimos obrigacionistas expiram em junho.
A confiança, independentemente das rivalidades, neste contexto de mercado, é determinante e tem reflexos em todos os clubes que adotem a mesma estratégia de financiamento.
Redução do passivo está em marcha desde 2019
Diretamente ligado às questões abordadas está outro pressuposto tido como essencial em Alvalade, que passa pela redução do passivo, o qual tem uma tendência positiva desde junho de 2019. De então para cá, a SAD liderada por Frederico Varandas já reduziu 33 M€, isto de acordo com dados do último semestre, até dezembro de 2020.
Tendência: redução do passivo está em marcha desde junho de 2019, vai nos 33 M€
No primeiro semestre do exercício em curso a redução foi de 6,8 M€, estando o passivo fixado nos 291,7 M€. As receitas extraordinárias no próximo defeso são, assim, determinantes na conjuntura e estratégia económica da SAD.