Organismo responsável pelas Leis do Jogo explicou ao nosso jornal o princípio 9 do protocolo do VAR, que rege as ações disciplinares entre um incidente e a decisão final
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Na derrota do FC Porto com o Gil Vicente (2-1), foi assinalado penálti de Matheus Uribe sobre Boselli, pouco tempo depois de o colombiano ter sido admoestado com cartão amarelo, aparentemente por ter travado um ataque prometedor. Mais tarde, no segundo tempo, Uribe viu outro amarelo e consequente vermelho.
Foi no momento da falta para o primeiro cartão amarelo que o jogo parou e que VAR, Tiago Martins, alertou o árbitro, Rui Costa, para o penálti que ficara por marcar. Ao ver as imagens no monitor, o juiz assinalou penálti contra os dragões e manteve o cartão amarelo ao médio, pela falta posterior.
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Ora, esta situação lançou várias dúvidas devido ao princípio 9 do protocolo do VAR:
"Se o jogo continuar depois de um incidente posteriormente revisto, qualquer ação disciplinar tomada/necessária depois desse incidente não será cancelada, mesmo que a decisão original seja alterada (exceto cartão amarelo/expulsão pela paragem de um ataque promissor ou pela negação de uma clara oportunidade de golo)", lê-se nas regras redigidas pelo International Board (IFAB).
Questionado por O JOGO pelo lance em causa, o IFAB frisou que "não comenta incidentes de jogo, nem decisões de árbitros". No entanto, David Elleray, diretor técnico do organismo, esclareceu o princípio 9 e a lógica que o sustenta.
"O princípio é que um jogador que incorra numa conduta imprópria receba um cartão pela ofensa, mesmo que a parte anterior da jogada seja 'cancelada', porque não deveria incorrer numa conduta dessas. É semelhante a uma infração ser cometida depois de soar o apito, como uma entrada imprudente, conduta violenta e protestos. Também é consistente com receber um cartão amarelo por retirar a camisola nos festejos de um golo, o cartão mantém-se se o golo for anulado", começou por dizer, antes de detalhar a exceção:
"A razão pela qual travar um ataque prometedor ou uma ocasião clara de golo são exceções é porque se o incidente anterior fosse assinalado, por exemplo um golo ou um penálti, tecnicamente, não haveria um ataque prometedor ou uma ocasião clara para travar."
Ou seja, apesar de tudo isto, não fica desde já claro que o primeiro amarelo de Uribe deveria ter sido retirado. Isto porque o árbitro pode ter entendido que a falta do colombiano era por si só merecedora de cartão amarelo, independentemente do enquadramento da jogada e do perigo daquele ataque - nesta situação, o princípio 9 não prevê a reversão da sanção disciplinar.
A dúvida só poderá ser desfeita no relatório do árbitro Rui Costa.
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