"Pensei que o Lourosa ia subir direto, mas acredito que vão consegui-lo no play-off"
Pedro Oliveira não esperava que o título fosse para o Ribatejo, mas não se espantou com a subida do Felgueiras e a presença de Lourosa no play-off de subida. O técnico esperava mais da Académica e do Covilhã na etapa de promoção, não contava com a descida do Amora e viu o Canelas ressentir-se com a prisão de Madureira.
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Chegou ao fim a terceira edição da Liga 3, que coroou o Alverca como campeão e teve no Felgueiras a outra equipa promovida à II Liga. Pedro Oliveira, treinador que orientou a Sanjoanense durante parte da temporada, aceitou o desafio de O JOGO para fazer um balanço da prova que teve nos ribatejanos uma meia surpresa. “O Felgueiras demorou a carburar, mas quando embalou, mostrou que era a equipa mais forte da Liga 3. Sinceramente pensei que o Lourosa ia subir direto, mas acredito que vão consegui-lo no play-off, pois na primeira mão demonstraram ser mais fortes que o Feirense. O Alverca surpreendeu-me um pouco”, analisa.
Felgueiras, Lourosa, Varzim e Braga B foram os quatro apurados para a fase de subida vindos da zona norte, enquanto a sul passaram Alverca, Académica, Atlético e Covilhã. Da Briosa e dos serranos esperava-se mais, na ótica do técnico. “A Académica dispensa apresentações. Não é um clube da Liga 3, pelo contexto histórico, pela mística e pelas condições. Já mereciam outro patamar e tinham mais que condições para lutar pela subida, pois o plantel era fortíssimo, com jogadores conceituados. Ficaram um pouco aquém das expectativas”, avalia. “O Covilhã tinha jogadores muito interessantes, um treinador com experiência e é sempre fácil dizer-se que esperávamos mais, mas por vezes há aquela bola que bate no poste e não entra. No cômputo geral, fizeram um bom campeonato”, aponta.
Também Varzim e Braga B claudicaram na etapa de subida, embora os bracarenses tenham estado inseridos na luta pelo segundo e terceiro lugares até ao último minuto da época. “O Braga B é uma equipa que normalmente luta para subir, pois consegue ir buscar os melhores jogadores jovens e têm condições excecionais. Enquanto estive na Sanjoanense sempre vendi a ideia de que podíamos chegar à fase de subida, mas sabíamos que era extremamente complicado ombrear com adversários como o Varzim que, apesar de todos os problemas financeiros, tinha um grande plantel e um banco de luxo. No sul passaram as melhores equipas e a lógica prevaleceu”, refere.
De fora do lote de candidatos a sul ficou, mais uma vez, o Sporting B, que em três anos tem acabado sempre a lutar pela permanência. “O Sporting B tem grandes jogadores jovens, mas não deixam de ser isso mesmo... jovens. Nos momentos decisivos, e aconteceu o mesmo com o Braga B, os miúdos têm dificuldades inerentes à profissão. Têm qualidade, mas falta-lhes maturidade. São os clubes que jogam um futebol mais agradável, mas têm dificuldades na parte competitiva”, explica.
No campo das descidas, Vianense e Canelas 2010 foram os condenados a norte, ao passo que mais abaixo no mapa de Portugal foram o Pêro Pinheiro e o Amora a tombar para o Campeonato de Portugal. A prisão de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões e dono do Canelas, terá enfraquecido os gaienses. “Todos sabemos a ligação do Canelas ao Fernando Madureira e isso obviamente teve repercussões. O Canelas arrancou bem, mas depois caiu a pique. O Amora foi uma surpresa enorme, porque a sul previa-se que 1.º Dezembro, por jogar num estádio emprestado, e o Pêro Pinheiro, por ter pouca experiência, pudessem descer. O Amora também caiu a pique e não estava à espera”, termina.
João Costa leva o maior prémio
Ktatau (Felgueiras), Sangaré (Varzim), Diogo Rosado, Henrique Martins e Goba (Lourosa), Andrezinho (Anadia) e Rafael Assis (Trofense) foram outros nomes elencados pelo treinador.
Se o coletivo se destaca, o individual também se potencia. Alverca e Felgueiras subiram à II Liga e lançaram, seguramente, vários nomes que poderão dar o salto no defeso. Um deles é o avançado João Costa, abono de família dos ribatejanos e que apontou 22 golos, tendo acabado a época como o melhor marcador da Liga 3. Apontado ao Santa Clara, o goleador foi um dos destaques para Pedro Oliveira. “O melhor jogador do campeonato, pelos golos que fez, foi o João Costa, mas pela influência no jogo destaco o Miguel Pereira, do Felgueiras. Vê-lo ao vivo é outra coisa. Tem intensidade de I Liga, sabe jogar em todo o lado, vi-o a extremo, vi-o a ponta-de-lança depois de o Tamble ter ido para o Portimonense. O Ktatau (Felgueiras), que estava emprestado pelo Chaves, também fez um bom ano, o Sangaré, do Varzim, impressionou-me e carregou o clube num período financeiro difícil”, elencou.
No Lourosa há um ex-Sporting e Benfica em evidência. “O Diogo Rosado é, aos 34 anos, um tratado da bola. Um craque. O Henrique Martins é um médio posicional, não tem uma primeira fase de construção incrível, mas depois tapa os buracos todos. Compensa muito as subidas do Nandinho, lateral-esquerdo, e é o pêndulo da equipa. O Goba, avançado, chegou a meio do ano, teve algumas dificuldades para arrancar, mas vi-o jogar contra o Feirense, que tinha uma linha de três centrais, e fez uma excelente partida. Pode ser fundamental para ajudar o Lourosa a subir”, enumerou.
Com mais conhecimento da zona norte, por ter treinado a Sanjoanense, Pedro Oliveira também realçou os desempenhos de Andrezinho (Anadia), um “dez com muita qualidade”, e Rafael Assis (Trofense), sem esquecer os jogadores que orientou em São João da Madeira. “Tive miúdos vindos do Distrital que fizeram um campeonato fantástico. Destaco o Jony, o Rui Moreira e o Marcelo, avançado que tem 28 anos, para um projeto de presente de uma equipa de II Liga que queira apostar para subir.”
Lourosa arrasta “telespectadores”
O interesse na Liga 3 cresce e as audiências televisivas comprovam-no, com o encontro entre Lourosa e Feirense, da primeira mão do play-off de permanência/subida da II Liga realizada no domingo, a registar 315 mil telespetadores no Canal 11. Durante a transmissão do jogo, o canal televisivo da FPF teve uma audiência média de 104 mil pessoas e o melhor momento aconteceu pelas 12h55, no final da partida, com mais de 200 mil pessoas a ver em simultâneo. Foi o programa mais visto do dia no Canal 11 e o nono mais visto em Portugal durante o dia.