Pedro Proença: "Superliga, a médio prazo, mataria o futebol português"
ENTREVISTA, PARTE III - Laporta diz que os grandes portugueses estariam dispostos a entrar no projeto, mas Proença frisa que os três estão alinhados com o modelo da UEFA
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O projeto que visa combater o monopólio da UEFA acena com milhões, mas Pedro Proença desmonta a ideia de que isso possa ser favorável aos principais clubes portugueses.
A Superliga Europeia tem causado grande impacto no mundo do futebol. Reage com surpresa às recentes declarações de Joan Laporta, ao dizer que essa competição pode mesmo estar a avançar?
-Não comentarei afirmações de Laporta ou de qualquer dirigente que ache que o futebol pode viver de uma pequenina elite e que essa elite, por si só, pode centralizar um conjunto de receitas. O futebol vive da sua pirâmide. Não há futebol de elite se não houver uma base forte. A pirâmide do futebol mundial começa nos distritais, passa nas competições nacionais, depois atinge as provas profissionais domésticas e uma pequena nata compete internacionalmente. É esse o modelo que permite que um clube que começa no distrital possa um dia ganhar a Champions. Só o mérito desportivo pode fazer ganhar qualquer coisa. Se criarmos uma elite fechada que se alimenta de todas as receitas, toda a pirâmide vai secar. O futebol durará mais 10 anos, mas nessa altura, quando precisarmos que a base continue a criar talento para alimentar a estrutura, esta elite morreu. Viveu bem durante 10 anos e depois não há quem a alimente. Essa visão piramidal não pode ser alimentada com uma Superliga. Isso não funciona. O mérito desportivo deve estar na base do sucesso de qualquer competição.