Em entrevista ao Porto Canal, Pedro Emanuel falou sobre os tempos de afirmação no FC Porto.
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Época 2002/2003: "O Jorge Costa e o Ricardo Carvalho jogavam porque faziam uma dupla quase imbatível, Eu, enquanto jogador, queria era jogar, como é lógico. Mas sabíamos que eles eram efetivamente dois grandíssimos jogadores, o treinador tinha noção de que tanto eu como Ricardo Costa tínhamos legitimidade de pensar em poder jogar. Sabia que estávamos ali para o que for necessário".
Pedro Emanuel e Ricardo Costa fundamentais para conquista da Taça UEFA: "Houve mérito e competência dos jogadores estarem preparados. Jankauskas lesionou-se, entrou Capucho, a equipa foi-se reajustando ao que eram as suas necessidades, era um grupo solidário, mas também muito competente. Sabíamos que quem entrasse era para dar a vida".
Equipa 2002/03 a que melhor futebol apresentou nestes últimos anos?: "Não vou por aí. Reflete a confiança que a equipa tinha, jogasse A, B ou C. Tínhamos 3 ou 4 jogadores fundamentais, tínhamos meio campo muito forte. Praticávamos bom futebol, porque tínhamos essa qualidade. Era uma equipa que trabalhava muito ao longo do jogo, com bola e sem bola. (A letra da música filhos do dragão) ajustava-se bastante ao que era a nossa forma de viver o jogo, a equipa e o grupo, que nos orgulhou a todos. Mourinho teve a capacidade de unir o grupo de trabalho e não apenas os jogadores, toda a estrutura, a envolvência foi extraordinária".
"Hino ao futebol? É olhar para a final da Taça UEFA que ganhámos"
Conquista da Liga dos Campeões em 2003/04: "Tínhamos vivido momento tão mágico com a final da Taça UEFA, quando quero um hino ao futebol olho para a final da Taça UEFA. No ano seguinte íamos confiantes, mas uma coisa é falar da UEFA e outra da Champions. Benni McCarthy vem-nos a acrescentar bastante, depois vem um jogador extraordinário que tive pena de não ver singrar de outra forma no futebol, o Carlos Alberto, isso foi um acréscimo de qualidade. O que nos alimentou foi o que se passou com o Manchester. Esse jogo para nós foi épico, também tivemos sorte no sorteio, nos adversários seguintes, mas esse jogo catapultou-nos para aquilo que foi os nossos níveis de confiança e expetativas.
"O Nuno Valente dizia: 'ainda agora chutei a bola e já estão aqui outra vez'"
Jogo em Manchester 2003/04: "Lembro-me de ver o tempo de compensação e parecia que os minutos não passavam. Lembro-me do Nuno Valente dizer: 'ainda agora chutei a bola para a frente e eles já estão aqui outra vez'. Emocionalmente fomos bastante fortes, tivemos aqui e ali a sorte do jogo, mas isso faz parte do futebol. O golo do Costinha consegui ver porque a minha imagem era mesmo central, foi mérito do Costinha, que mal a bola sai, acredita que vai saltar para ali e vai para a segunda bola, para a recarga da defesa".
Auto-avaliação como jogador: "Eu não era um jogador excecional, era um jogador normal, tinha era uma mentalidade competitiva muito grande, e isso levava-me a superar. Quando era preciso foco, concentração e registo de grande rigor, isso era a minha praia. (...) Dificilmente me veem a desistir, sou um lutador por natureza. Enquanto jogador fazia o que adorava e agora enquanto treinador faço o mesmo".