FC Foz é um dos muitos clubes da cidade do Porto que investe na formação e conta com mais de 320 inscrições, mas só tem um espaço para tanta atividade, o que limita os objetivos da Direção. A aposta nas camadas jovens constitui a principal fonte de receitas do clube, que tenta colocar equipas nos campeonatos nacionais para alargar a certificação como entidade formadora.
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Na Foz, zona nobre do Porto existe um clube que sobressai pelo investimento na formação e capacidade de improvisar espaço onde já quase não existe um milímetro disponível. É, claro, uma metáfora para realçar o desafio de improviso da Direção de Eduardo Moreira, que tem um projeto que mudará a configuração espacial do Campo da Ervilha.
Já foi dado um passo significativo com a colocação do novo relvado sintético, há seis meses, num investimento de 107 mil euros, assegurado pela autarquia do Porto. E nota-se bem a diferença do piso com certificação FIFA Quality Pro e que alegra o presidente do clube por poder oferecer melhores condições à formação. "É uma área pela qual temos muito carinho", frisou Eduardo Moreira, no gabinete com vistas privilegiadas para o único recinto de treino. Lá fora ouve-se o entusiasmo dos miúdos a treinar, se calhar a sonhar em tornarem-se craques do futebol.
Todos os dias, mais de 320 miúdos pisam o sintético e garantem ao Foz a principal fonte de receita. Eduardo Moreira explica que "as crianças pagam uma mensalidade de 47 euros" e ainda "o exame médico à entrada", bem como a compra "do kit com os equipamentos". É uma forma de garantir o equilíbrio orçamental, contando com a quotização mensal de 2,50 euros dos cerca de 600 sócios.
Aos "desafios diários" do modesto Foz acrescem os constrangimentos de espaço. O Parque da Ervilha já é demasiado pequeno e precisa de crescer numa zona em que o preço por metro quadrado não é acessível. O projeto para o novo campo orça 160 mil euros, verba que Eduardo Moreira não vai retirar da conta do clube.
"Vamos angariar junto dos pais e dos empresários da Foz", explica o dirigente, agradecendo "à família Ramalho Fontes e a Mário Ferreira por darem o comodato do terreno durante cinco anos". A autarquia e a junta de freguesia são outros dos parceiros no esforço da Direção pela melhoria das infraestruturas. Concretizado este desejo, depois, é almejar a quarta estrela da certificação como entidade formadora, mas para isso a formação precisa de equipas a competir nos nacionais.
Seniores na Elite e com prata da casa
Se as condições não são as melhores para a formação, para os seniores muito menos. A equipa que milita na Divisão de Elite da AF Porto tem de recorrer ao INATEL, o que significa mais encargos. "É um custo justo", assegura Eduardo Moreira, orgulhoso por ver que o plantel é composto "por 70 por cento de jogadores provenientes da formação" e "a maior parte são licenciados".
A educação, aliás, constitui o fundamento essencial na perspetiva de Eduardo Moreira, pois "nesta zona da cidade
os pais não estão à espera de ter um Cristiano Ronaldo em casa", lema que o clube reforça em todos os escalões da formação.
CURIOSIDADES
Carinho de Serginho entre figuras de proa
Jorge Costa, ex-defesa do FC Porto, e Rosa Mota, antiga campeã olímpica de atletismo, são os baluartes da história do Foz, na qual entram outras referências menos mediáticas. Caso de Serginho, mencionado na resenha histórica como o primeiro futebolista internacional do clube, ao participar no Torneio de Toulon, em 1981. O antigo avançado, agora com 61 anos, é um elemento "por quem os miúdos têm uma adoração incrível" e que continua ligado ao Foz, enfatiza Eduardo Moreira, quando recorda os nomes sonantes que saíram da formação.
Talentos "fogem" depois dos 12 anos
Muitos questionam por que razão o Foz não tem mais expressão nos nacionais de camadas jovens. Não é falta de investimento, pelo contrário, porque até aos sub-12 o clube "tem bons jogadores e boas equipas", só que a partir daí "o Leixões, o Rio Ave, o Salgueiros e o FC Porto vêm cá buscá-los", explica o presidente. Uma tendência que "deixa triste" o clube que "anda a formar jogadores para eles depois saírem". No entanto, "muitos regressam, porque gostam do ambiente" e também por poderem "continuar os estudos".
Presidente do Vitória tem "costela" do Foz
António Miguel Cardoso, presidente do V. Guimarães, tem uma "costela" do Foz, onde foi guarda-redes e, em 2005, presidente, fazendo-se acompanhar por Eduardo Moreira, vice-presidente. A amizade consolidou-se na prática do ténis, modalidade na qual brilhou António Miguel Cardoso. "Foi um belíssimo jogador", conta Eduardo Moreira.