Academias renderam 1224,5 milhões de euros aos clubes portugueses desde 2012/13
ESPECIAL EDIÇÃO ANIVERSÁRIO - Desde 2012/13, os clubes portugueses conseguiram arrecadar um montante invejável com a exportação de atletas formados nas suas escolas. Benfica contribuiu com 44,7% desse valor. Os três grandes lideram, naturalmente, o ranking de maiores encaixes com jogadores saídos da sua formação para o estrangeiro, com o Braga a encher os cofres bem acima do que o resto da concorrência.
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Elogiado um pouco por todo o mundo, o talento para formar jogadores é um dos cartões de visita de Portugal, país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, mas que conta com uma diáspora de luxo espalhada pela elite do Velho Continente de fazer inveja a nações com população e território bem mais amplos. No âmbito do futebol de formação, prato forte da edição do seu 38.º aniversário, O JOGO fez as contas ao montante que os clubes encaixaram desde 2012/13 com vendas de jogadores formados nas suas próprias escolas para o estrangeiro e chegou ao invejável valor de 1224,5 M€, sendo que as receitas de 2022/23 neste capítulo específico (252,5 M€) constituem um recorde no período analisado.
Longe do panorama que se registava em 2013 por esta altura, onde apenas Yartey e Daniel Carriço tinham dado o salto das escolas de Benfica e Sporting para o estrangeiro a troco de 2,8 M€... em conjunto, a presente temporada trouxe-nos transferências robustas que consolidaram o estatuto da formação portuguesa como uma das mais apetecíveis no panorama europeu.
Enumerando, apenas, encaixes acima dos 20 M€ encontramos as vendas de Matheus Nunes (Wolverhampton), Nuno Mendes (PSG) e João Palhinha (Fulham) por parte do Sporting, as de Fábio Vieira (Arsenal) e Vitinha (PSG) pelo FC Porto e a de Vitinha do Braga para o Marselha, naquela que constituiu o maior encaixe da história dos minhotos, cujos frutos colhidos da aposta nas camadas jovens nos últimos anos permitem que esteja bem acima da média dos "outros" clubes portugueses.
Apesar de ter estado longe dos valores de outrora com produtos "made in Seixal" na presente temporada, o Benfica é, no espaço temporal analisado, o clube que mais beneficiou economicamente da sua formação. À boleia de algumas vendas estratosféricas, como as de João Félix (127 M€) e Rúben Dias (71,6 M€), o clube da Luz encaixou 44,7% do valor global de 1224,5 M€ com a transferência direta de 27 jogadores formados nas suas escolas.
O pódio é completado, naturalmente, pelo Sporting (312,8 M€ com a venda de 22 jogadores) e pelo FC Porto (210,4 M€ com 11 jogadores).
Destaque, ainda, para a presença na lista apresentada em cima de clubes que não estão na primeira divisão, como Nacional, V. Setúbal, BSAD, Académica e Os Belenenses.
Velha aliança a funcionar
Em vigor desde 1386 e reconhecida como a mais velha do mundo, a aliança entre Portugal e Inglaterra tem-se estendido da diplomacia para o futebol. Dos 1224,5 M€ gastos em talentos vindos das academias de 14 clubes lusos desde a temporada 2012/13, 443,6 M€ - que representa cerca de 36% do valor global - vieram dos cofres de clubes ingleses, com os dois gigantes de Manchester a destacarem-se.
Diogo Jota foi êxito a solo do Paços
Colocado entre o Vitória de Guimarães e o Nacional no lote de clubes portugueses que mais encaixaram com a sua formação, o Paços de Ferreira tem de agradecer a Diogo Jota o sexto lugar deste campeonato. Lançado na equipa principal dos castores em 2014/15, após dar nas vistas nos juniores, o avançado partiu a loiça na Capital do Móvel e acabou vendido em 2016 para o Atlético de Madrid por 7 M€.
Solidariedade entra nas contas
Dependendo de como foram fechados os negócios analisados, o mecanismo de solidariedade por alguns jogadores poderá, ou não, estar incluído no valor total a que O JOGO chegou. Independentemente de quem arcou com as custas, clubes como o Sintrense (Nélson Semedo), o Ericeirense (Matheus Nunes), o Futebol Benfica (Gelson Martins) e o Águias de Alvite (Vitinha), entre outros, somaram encaixes preciosos para a sua subsistências.
Malas feitas para 15 países
Desde 2012/13, clubes de 15 países diferentes vieram abastecerem-se com selo de qualidade da formação de clubes portugueses: Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França, Países Baixos, Turquia, Escócia, Dinamarca, Rússia, Croácia, Suíça e Bélgica. De fora da Europa, China e Angola também fazem parte do mapa de exportações.